Taxa de contágio tem queda e estimativa indica estabilização
Cientistas apontam taxa de transmissão de 0,94 por paciente infectado. Crédito da foto: Governo do Estado de São Paulo (16/5/2020)
A taxa de transmissão do coronavírus no Brasil voltou a registrar leve queda, indicando cenário de estabilização do contágio, segundo novo relatório do grupo de pesquisadores da universidade britânica Imperial College de Londres que monitora a pandemia. A média móvel também apresentou queda no País pela quarta semana consecutiva.
De acordo com as estimativas dos cientistas, o índice ficou em 0,94 nesta semana. A taxa de contágio indica para quantas pessoas um paciente infectado consegue transmitir o novo coronavírus. Quando o indicador está abaixo de 1, há indícios de desaceleração do surto e, acima disso, ele tem tendência de alta
É a segunda vez desde abril que o índice fica abaixo de 1. A primeira ocorreu há duas semanas, quando ela ficou em 0,98. Na semana passada, ela voltou a subir para 1. Especialistas ressaltam, porém, que apesar das duas quedas no período de três semanas, os dados não permitem concluir que a pandemia está em aceleração ou desaceleração, pois as variações são pequenas e estão dentro de uma margem de erro.
No relatório desta semana, por exemplo, essa margem (também chamada de intervalo de confiança) está entre 0,90 e 1,01. Na semana passada, ela ficou entre 0,93 e 1,12. Qualquer valor dentro desses intervalos é possível.
Além disso, os pesquisadores do Imperial College ressaltam no relatório que os resultados brasileiros devem ser “interpretados com cautela”, pois a notificação de mortes e casos no País está mudando.
Uma das principais alterações feitas nas últimas semanas foi a decisão do Ministério da Saúde de aceitar registros de casos diagnosticados por critérios clínicos e de imagem, ou seja, por meio do histórico de sintomas e exames que mostrem o comprometimento pulmonar do doente, como tomografia e ressonância. Com isso, deixou de ser necessária a confirmação laboratorial por meio de exame PCR ou sorológico.
O cálculo do Imperial College é feito usando um modelo matemático que considera o número de mortes confirmadas a cada semana e estima o nível de transmissão do vírus mesmo com a subnotificação.
Casos e óbitos
O Brasil registrou nas últimas 24 horas 1.215 mortes em decorrência do novo coronavírus, informou o Ministério da Saúde em boletim divulgado ontem.
Desta segunda (31) para ontem, foram notificados 42.659 novos casos da doença. Assim, o total de óbitos no País chegou a 122.596 e o de contaminações, a 3.950.931. O painel de monitoramento da Covid-19 fala em 3.159.096 (80,0%) pessoas recuperadas da doença e 669.239 (16,9%) em acompanhamento.
O Estado de São Paulo contabiliza 814.375 casos de covid-19 e 30 375 mortes. A Bahia tem 259.418 confirmações da doença e 5.448 óbitos. O Rio de Janeiro soma 226.800 casos e 16.217 mortes.
Média móvel
Nos últimos sete dias, o Brasil registrou uma média de 859 óbitos por dia pela doença. Nas três semanas anteriores (contadas sempre de quarta a terça-feira), o número médio diário de vítimas havia sido de 950, 989 e 1 mil, respectivamente, o que, segundo especialistas, parece indicar um cenário de queda sustentada, embora lenta. A queda começou a ser registrada após sete semanas seguidas com a média diária acima de mil óbitos. Ontem foi a primeira vez desde 19 de maio que uma semana foi encerrada com média móvel inferior aos 900. (Estadão Conteúdo)