SP tem a menor taxa de ocupação em UTI desde o início da pandemia
Informações foram dadas ontem, durante coletiva de imprensa, no Palácio dos Bandeirantes. Crédito da foto: Divulgação / Agência SP
O Estado de São Paulo atingiu nesta semana o menor índice de ocupação em leitos de UTI desde que a pandemia do novo coronavírus começou, com apenas 49,1% das vagas preenchidas. Na capital, a taxa ficou em 48,5%. “Estamos com uma melhora histórica no Plano São Paulo, na taxa de ocupação em leitos de terapia intensiva. É o menor e melhor índice que tivemos desde o início da pandemia”, afirmou o secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn.
Durante a coletiva de imprensa ontem (18), o governador João Doria (PSDB) também anunciou que todas as áreas do Estado continuam na fase amarela do Plano São Paulo e não houve nenhuma regressão. Também houve queda no número de aproximadamente 3% mas internações pela covid-19, em relação com a semana epidemiológica anterior.
Ao longo da coletiva, Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, frisou que quatro regiões obtiveram uma redução ainda maior nas internações, registrando queda de 20 a 30% em relação às semanas anteriores. São elas: Baixada Santista, Piracicaba, Registro e Taubaté.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) também anunciou que, no final de agosto, tanto os índices de contaminação por 100 mil habitantes como a comparação por semana epidemiológica já são equivalentes aos números do início de abril. Apenas nas últimas 24 horas, o Estado registrou 206 óbitos pelo novo coronavírus e 7.711 novas infecções. Ao todo, já são 33.678 mortes e 924.532 pessoas contaminadas pela doença em São Paulo.
Estudo da UFF
A transmissão da covid-19 segue a mesma sazonalidade de outras doenças respiratórias, como H1N1 e gripe Influenza. Com isso, o Brasil e o Hemisfério Sul devem passar por uma diminuição de casos a partir de outubro, com a aproximação do verão, enquanto o hemisfério norte vê o aumento nos registros, com a chegada do inverno.
A análise está no estudo Detecção Precoce da Sazonalidade e Predição de Segundas Ondas na Pandemia da Covid-19, coordenado pelo professor Márcio Watanabe, do Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“A sazonalidade de doenças significa que existe um padrão anual onde há um momento do ano em que a doença tem uma transmissão maior. No caso das doenças de transmissão respiratória, geralmente elas apresentam uma sazonalidade típica do período de outono e inverno, ou seja, elas têm uma transmissão maior e, portanto, uma quantidade maior de pessoas infectadas nos meses de outono e inverno”, explica Watanabe.
Para ele, geralmente a sazonalidade de uma doença só é detectada após alguns anos de incidência, com o acúmulo das séries de dados ao longo de vários anos mostrando as taxas de contágio e internação, como no caso do Sistema InfoGripe do Brasil, que reúne dados sobre as internações e mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Porém, com a covid-19 foi possível verificar os picos em menos de um ano em razão da quantidade de informação produzida por todos os países durante a atual pandemia. Com isso, o professor diz que se comprovou a repetição da sazonalidade verificada na pandemia de H1N1 em 2009.
“Isso acontece no mundo inteiro, mas como as estações do ano são invertidas entre o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul, os meses [da sazonalidade] também se invertem. Aqui no Brasil e no Hemisfério Sul, o padrão se estende dos meses de abril até julho. No Hemisfério Norte você tem um padrão da doença aparecendo de setembro-outubro até janeiro-fevereiro. Isso vale para praticamente todas as doenças respiratórias”, afirma.
Se houver a segunda onda, terá menor intensidade, diz professor
Segundo o professor Márcio Watanabe, os modelos matemáticos mostram que a segunda onda no Hemisfério Norte será muito mais forte do que a primeira. “A tendência é que essa segunda onda na Europa e na Ásia será maior para muitos países do que a primeira onda, porque o período de transmissão lá é de setembro até março e a primeira onda lá começou no final de fevereiro, já no final do período sazonal. E aí ela foi interrompida.
Era para ser uma onda grande como no Brasil, mas foi interrompida logo no comecinho, com o efeito da sazonalidade, com um mês e meio. Aí a transmissão caiu muito e essa primeira onda ficou pela metade, por assim dizer”.
Os gráficos do Observatório Fluminense Covid-19 mostram a curva de contágio em ascensão em países como Índia, Rússia, Reino Unido, Itália, Espanha e França, sendo que nesses dois últimos o número de casos atualmente já ultrapassa o pico alcançado em abril.
No Brasil e no hemisfério sul, por outro lado, o pesquisador aponta que, se houver uma nova onda, ela será a partir da metade de março de 2021 e terá menor intensidade. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)