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Sergio Moro fala por oito horas e meia à CCJ do Senado

19 de Junho de 2019 às 20:25

A audiência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, teve participação de pelo menos 40 senadores. Crédito da Foto: Evaristo Sá/AFP (19/6/2019)

A audiência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado terminou depois de oito horas e meia. Ao longo do dia, pelo menos 40 senadores usaram a palavra para perguntar e fazer comentários.

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Na fala final, Moro manifestou repúdio a ameaças contra parlamentares. Ele afirmou que é preciso "baixar a temperatura um pouco" e melhorar o diálogo no Parlamento.

Questionado sobre as supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato ao longo da audiência, Moro negou conluio com investigadores e apontou para a existência de um grupo criminoso voltado a anular condenações, atrapalhar investigações e atacar instituições.

Durante a audiência, Moro cobrou a divulgação integral do material pelo site The Intercept Brasil e disse não ter medo de novas revelações. Além disso, declarou que não tem "nenhum apego ao cargo" e que sairia dele se houvesse alguma irregularidade na sua conduta enquanto magistrado, emendando, por outro lado, que agiu de acordo com a lei.

"Então o site apresente tudo, e aí a sociedade vai poder ver de pronto se houve alguma incorreção da minha parte, eu não tenho nenhum apego pelo cargo em si. Apresente tudo, vamos submeter isso ao escrutínio público. E se houve ali irregularidade da minha parte, eu saio, mas não houve, porque eu sempre agi com base na lei", disse o ministro.

A declaração foi dada em resposta aos questionamentos do senador petista Jaques Wagner, que perguntou a Moro se não seria de "bom tom" se afastar do cargo, mediante aos acontecimentos.

Não estou com medo

Ao explicar as supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato, o ministro declarou não estar com medo da revelação de novos conteúdos e minimizou o caso afirmando que há um "estardalhaço" e sensacionalismo em torno da divulgação.

"Não estou com medo, não. Dizem: 'Ah, tem muito mais coisa'. Divulguem tudo de uma vez. Daí, a gente analisa, o Senado analisa, as pessoas analisam", declarou Moro. Ele defendeu que o site The Intercept Brasil deveria submeter o conteúdo a uma autoridade independente, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

Moro falou várias vezes que não tem dúvida da correção de seu trabalho quando era juiz da Lava Jato. Além disso, ele declarou que a troca de supostas mensagens entre magistrados e procuradores é normal e não pode ser vista como um crime. "Isso é algo em que foi feito um estardalhaço, um sensacionalismo relativo a supostas mensagens que tratam de operações. São relativos a decisões já deferidas. Onde é que está o comprometimento da imparcialidade? É zero. Zero." (Daniel Weterman e Amanda Pupo - Estadão Conteúdo)