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Saúde quer aumentar tempo entre as doses

11 de Janeiro de 2021 às 23:43


Pfizer refuta estratégia para acelerar cronograma vacinal. Crédito da foto: Dominic Lipinski / AFP

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que o programa de vacinação contra a Covid-19 pode priorizar inicialmente a aplicação da 1ª dose na população, para acelerar uma imunização em massa e reduzir a atual transmissão, que tem crescido nas últimas semanas. E só depois todos receberiam a 2ª dose. Estratégia semelhante foi adotada pelo Reino Unido, que vive seu pior momento na pandemia. Pazuello, porém, evitou mais uma vez definir uma data para iniciar a vacinação no Brasil.

“Com duas doses vai a 90 e tantos por cento (a eficácia da imunização da vacina de Oxford). Com uma dose, vai a 71%. Com 71%, talvez, a gente entre para imunização em massa. É uma estratégia que o CVS (Centro de Vigilância Sanitária) vai fazer para reduzir a pandemia”, disse Pazuello, em visita ontem a Manaus, região que tem visto uma escalada de 80% nas mortes pela Covid-19 nos últimos 14 dias. “Talvez o foco não seja na imunidade completa, mas na redução da contaminação. E aí a pandemia diminui muito. Podendo aplicar a 2º dose depois de um tempo”, acrescentou.

O discurso de Pazuello se inspira na decisão emergencial adotada pelo Reino Unido, que sofre com ocupação quase total dos leitos de UTI. O país europeu começou a vacinar sua população em 7 de dezembro com o imunizante da Pfizer, seguindo os protocolos dos testes, com duas doses no intervalo de 21 dias. Mas, com o agravamento da pandemia, mudou o cronograma e passou a oferecer a 2ª dose 12 semanas após a 1ª.

A Pfizer, em comunicado, refutou. “Não há dados que mostrem que a proteção após a 1ª dose seja mantida após 21 dias.” O mesmo será adotado para a vacina de Oxford.

Especialistas veem a proposta com ressalvas. “O que foi testado é o que temos evidências. Qualquer mudança nesse esquema, ainda que em situação de emergência de saúde pública, a gente acaba indo para um terreno de incerteza”, critica Ethel Maciel, epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). (João Prata - Estadão Conteúdo)