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Ramos afirma que PF foi citada em reunião

14 de Maio de 2020 às 00:01

Ramos afirma que PF foi citada em reunião Crédito da foto: Evaristo Sá / Arquivo AFP (30/11/2019)

Luiz Eduardo Ramos, confirmou em depoimento, na terça-feira, ter havido menção à Polícia Federal na reunião ministerial do dia 22 de abril. A versão de Bolsonaro, negando ter citado a PF no encontro, contraria também declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que relatou ter havido citação à PF quando o presidente cobrou relatórios de inteligência. Sobre o depoimento de Ramos, Bolsonaro se afirma que o ministro “se equivocou”.

O vídeo com o conteúdo da reunião faz parte do inquérito que apura as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal. Os ministros Ramos, Heleno e Walter Braga Netto, chefe da Casa Civil, foram ouvidos nesse inquérito, na tarde de terça-feira.

Ramos fez duas retificações no fim do depoimento, que foi prestado no Palácio do Planalto e durou cinco horas.

Questionado sobre a reunião do dia 22, o general afirmou que Bolsonaro “nominou os órgãos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Forças Armadas, Polícia Federal e Polícia Militar dos Estados”. A indicação ocorreu logo após ele dizer que ouviu o presidente reclamar que precisava “ter mais dados de inteligência para tomada de decisões”.

Mesmo assim, Ramos observou que Bolsonaro não citou a possibilidade de mudar o comando da PF e a superintendência do Rio. Ao reler o depoimento, porém, ele recuou e disse não se lembrar se o presidente havia mencionado que, se não pudesse substituir o diretor-geral da PF ou o superintendente, trocaria o próprio ministro.

“Ramos se equivocou. Mas, como é reunião, eu tenho o vídeo. O Ramos, se ele falou isso, se equivocou”, contestou Bolsonaro, repetindo não ter citado o termo “Polícia Federal” na reunião. Ao Estadão, Ramos disse que Bolsonaro foi “induzido ao erro” pela pergunta dos jornalistas, quando apontou equívoco em seu depoimento.

O ministro alegou que, ao falar que poderia interferir em todas as pastas, Bolsonaro citou a mudança da chefia da segurança pessoal. “Ele usou como exemplo: ‘Lá no Rio de Janeiro a minha segurança pessoal, que é do Gabinete de Segurança Institucional, se eu quisesse trocar o chefe eu trocaria. Se não resolvesse eu trocaria o ministro’. E o ministro é o general Heleno”, disse Ramos.

No depoimento à PF, no entanto, o general Augusto Heleno também disse que Bolsonaro reclamou de “escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo citações específicas à sua segurança pessoal” e mencionando a Abin, a Polícia Federal e o Ministério da Defesa.

No âmbito deste mesmo inquérito, ontem ainda houve o depoimento de delegados da PF e da deputada Carla Zambelli (PSL). (Estadão Conteúdo)