Primeira vacinada na Bahia está com Covid antes de tomar a 2ª dose
O imunizante tem eficácia geral de 50,38%. Crédito da foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, de 53 anos, contava os dias para receber a segunda dose do imunizante contra o coronavírus, quando os primeiros sintomas da infecção surgiram. Ela, a primeira pessoa vacinada contra Covid-19 na Bahia, no dia 19 de janeiro, precisou ser internada no Instituto Couto Maia, em Salvador.
Esse não é o único caso de paciente que, depois de receber a primeira dose da vacina, é infectado pelo coronavírus na Bahia. Ainda neste mês, no dia 10, três idosos que viviam num abrigo em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo Baiano, morreram vítimas da Covid-19, mesmo tendo recebido a primeira dose do imunizante pouco menos de duas semanas antes.
O infectologista Carlos Brites, referência em pesquisas sobre doenças infecciosas e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que a infecção pelo coronavírus entre aqueles que receberam a primeira dose da vacina é justificável cientificamente.
Isso acontece porque há um tempo para que o corpo comece a produzir anticorpos e existe, claro, a variedade de respostas imunológicas. "Uma resposta imunológica mais robusta, de forma geral, só com a segunda dose", frisou Brites.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) respondeu à reportagem que não possui levantamento de quantos são os casos de Covid-19 entre pessoas que receberam a primeira dose da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzido pelo Instituto Butantan, no Brasil.
Na Bahia, 447.980 doses da vacina foram distribuídas - 47,9% na aplicação da segunda dose - até a manhã desta quinta-feira, 25, mostra boletim da Sesab. O receio, conta o infectologista Carlos Brites, é "essa sensação de que o problema estaria resolvido", trazido pela vacina, mesmo para quem sequer recebeu a primeira dose.
Os cuidados dos vacinados, na verdade, devem permanecer os mesmos que o dos não vacinados - como uso de máscara, distanciamento ou isolamento social e higienização constante das mãos - afirmou o infectologista. A recomendação vale para até depois da segunda dose, principalmente com o avanço de novas variantes no Brasil.
O Laboratório Central da Bahia (Lacen) identificou no Estado, em quase um ano de pandemia, 13 linhagens diferentes do coronavírus - entre elas, as variantes de Manaus, Reino Unido e a do Peru, descoberta no Estado na última terça, 23.
"Esses mutantes podem fugir das vacinas contra o coronavírus", ressaltou. A empresa americana de biotecnologia Moderna, por exemplo, anunciou nesta quarta-feira (24), que estava pronta para iniciar os testes em humanos da vacina elaborada especificamente para a variante detectada na África do Sul.