Polícia investiga origem de ossadas encontradas em terreno na zona Sul de SP
Viatura da Polícia Civil. Crédito da foto: Governo do Estado de São Paulo (2/7/2018)
A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para apurar a suposta ocultação de cadáveres em um terreno na Rua Abílio Soares, no Paraíso (zona Sul de São Paulo), próximo da antiga sede do Destacamento de Operações de Informações (DOI), órgão responsável pela repressão política durante a ditadura militar.
A decisão de abrir o inquérito sobre o caso foi tomada pela delegacia Seccional de Diadema. Policiais receberam uma denúncia anônima sobre ossadas encontradas na obra de uma construtora, que está erguendo uma prédio residencial no terreno. De acordo com o documento da polícia, 'durante escavações efetuadas naquele sítio teriam sido localizados pelos funcionários as ossadas' que 'apresentavam orifícios característicos de danos causados por objeto perfurocontundente (bala), bem como revestidos de pó branco aparentando ser cal'.
De acordo com o documento da polícia, funcionários da construtora, apesar de, em tese se tratar de material humano, não fizeram nenhuma comunicação oficial. Depois de recolherem o material, eles teriam despejado tudo em um terreno em Carapicuíba. Investigadores foram ao lugar e encontraram duas testemunhas que confirmaram o achado dos ossos. Um deles afirmou que os ossos seriam de animais e outro, que eram ossos humanos.
O Estado de S. Paulo ouviu um integrante da cúpula da Polícia Civil, que informou que a hipóteses de que os ossos sejam humanos está sendo investigada. Também se apura se eles têm relação com a o antigo DOI - outra hipótese é de sejam ainda mais antigos, da época do Brasil Colônia. O departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi acionado para apurar o caso.
Um grupo de entidades que participa do grupo de Trabalho Interinstitucional DOI-Codi, que busca a criação de um museu de direitos humanos na área, divulgou nota afirmando acompanhar os desdobramentos do caso. O DOI funcionou de 1969 a 1982 no terreno entre as ruas Tomás Carvalhal e Tutóia, no Paraíso. Cerca de 5 mil pessoas foram presos pelo órgão. Ao todo, 79 pessoas morreram em ações do órgão, 28 das quais permanecem desaparecidas. (Estadão Conteúdo)