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PF ainda busca dinheiro que Pezão teria recebido em supostas propinas

29 de Novembro de 2018 às 14:11

Segundo Bessa, Pezão era um dos beneficiários do esquema de propina supostamente liderados pelo ex-governador Sérgio Cabral, quando ele ainda era vice-governador - de 2007 a 2014 -, e passou a liderar o esquema quando assumiu o governo do estado, a partir de 2014.

As principais provas contra Pezão são delações premiadas, como a do ex-operador financeiro de Cabral, Carlos Miranda, e bilhetes referentes a propinas, encontrados na casa de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor de Cabral, durante as investigações da Operação Calicute, em novembro de 2016.

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“Pedimos compartilhamento de informações da Operação Calicute, em que foram identificados alguns bilhetes apreendidos na residência de Luiz Carlos Bezerra (ex-assessor de Cabral preso na Calicute) que identificava pagamentos de propina para vários atores. Um deles [atores] identificamos que fosse Pezão, pelo sobrenome, pelos apelidos que foram dados nesses bilhetes”, disse Bezerra.

O delegado disse que foram identificadas pelo menos 22 anotações relacionadas a Pezão, que totalizaram R$ 2,2 milhões em propinas. Depois disso, para corroborar essas informações, a PF fez, segundo Bessa, análises de caixas de e-mails, de movimentações financeiras e análises fiscais.

“Identificamos que as hipóteses levantadas pelas colaborações premiadas foram corroboradas por elementos externos e independentes. Fizemos cruzamentos de dados telefônicos de conversas do governador do estado com Luiz Carlos Bezerra, pessoa que a princípio não teria nenhuma relação de amizade ou de trabalho, mas que, nas datas que estavam mencionadas nos bilhetes, ele [Pezão] estaria recebendo alguma parcela da caixa de propinas”, disse.

Para a PF, o esquema supostamente capitaneado por Pezão funcionava através da cobrança de vantagem indevida de cerca de 5%, algumas vezes chegando a 8%, sobre contratos de empresas com o governo do estado.

A investigação que resultou na prisão de Pezão identificou o pagamento de propina especialmente em obras de pavimentação, em que empresas ligadas a gestores estaduais eram beneficiadas. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o esquema movimentou, em valores atualizados, cerca de R$ 40 milhões de 2007 a 2015.

Bessa disse que o esquema funcionava pelo menos até junho deste ano, quando começaram as investigações, mas, depois de 2015, com a crise econômica do estado, o volume de dinheiro desviado diminuiu. “Nem sempre eles conseguiam arrecadar o que esperavam”, disse.

Apesar disso, a PF ainda não conseguiu localizar os recursos que teriam sido pagos indevidamente a Pezão. “Uma das razões da prisão do Luiz Fernando Pezão foi a não localização desses valores. Então a gente precisa continuar a investigação e há a necessidade da prisão dele nesse momento”, disse o delegado.

Bessa disse que uma das possíveis vantagens recebidas por Pezão, que ainda está sendo investigada, é a automação do serviço de áudio e vídeo da casa do governador, em Piraí, no interior do estado. “A Polícia Federal está fazendo perícia para saber se, de fato, houve essa instalação, qual realmente era o valor. A gente está apurando se de fato isso era pagamento de propina ou não”.

Segundo o delegado, foi feita a análise das movimentações bancárias de Pezão e constatou-se que ele movimenta pouco sua conta-corrente e faz poucos saques. “Isso chamou muito a atenção da investigação porque é natural que todo mundo faça saques de sua conta-corrente e ele não faz esses saques. Ou ele deve ter dinheiro em espécie guardado ou utiliza a conta de terceiros, de outras pessoas. A gente vai continuar a investigação”.

Além de Pezão, oito pessoas tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça, entre elas José Iran Peixoto Júnior, secretário de Obras, e Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, secretário de Governo, que já estava preso.

Pezão foi preso no início da manhã de hoje, na residência oficial dos governadores, o Palácio Laranjeiras. A Polícia Federal chegou por volta das 6h ao local, mas Pezão só deixou a casa por volta das 7h30, escoltado por dois carros da PF.

O governador foi encaminhado à Superintendência da PF e deve ficar preso numa sala do Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar, em Niterói. (Agência Brasil)

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