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Moro se tornou intocável, diz Lula em artigo no The New York Times

14 de Agosto de 2018 às 17:20

Folhapress

Na véspera do ato organizado pelo PT para registrar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, o jornal americano The New York Times publicou um artigo do ex-presidente, que afirma ser vítima de um golpe das forças da direita para tirá-lo da disputa eleitoral.

Preso em Curitiba desde 7 de abril, após ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro em decorrência das investigações da Lava Jato, o petista volta a fazer críticas ao juiz Sergio Moro, a quem chama de aliado dos grupos conservadores, e à imprensa brasileira.

"Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil. Ele se tornou intocável", afirma Lula no texto, intitulado "Eu quero democracia, não impunidade". "Mas a verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior justiça social e igualdade no Brasil." De acordo com ele, conservadores agem para reverter o progresso dos governos PT e estão determinados a impedir o partido voltar ao cargo em um futuro próximo.

Na apresentação do ex-presidente, o jornal enfatiza que Lula escreveu o texto da prisão. Nele, o petista afirma que, embora esteja na cadeia, os brasileiros entendem que a prisão "não tem nada a ver com corrupção" e sim com questões políticas. "E por isso que as pesquisas mostram que se as eleições fossem realizadas hoje, eu venceria", diz.

Lula critica a investigação, citando vazamentos de conversas particulares e o que chama de um "show de mídia" para levá-lo a depor, e diz que não quer estar em cima da lei, mas um julgamento "justo e imparcial". "Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem me derrotar de verdade, façam nas eleições", escreve. "Então, deixe o povo brasileiro decidir."

Segundo especialistas em direito eleitoral, por ter sido condenado em segunda instância, Lula está inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai decidir sobre o futuro de sua candidatura depois que o pedido de inscrição for realizado pelo PT, nesta quarta (15). O partido está convocando a militância para um ato em Brasília.

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo nesta terça (14), a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, diz que o partido se mobiliza para ter o nome de Lula na urna em 7 de outubro, data do primeiro turno das eleições.