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Mandetta pede manutenção de merenda escolar

22 de Março de 2020 às 20:12

Merenda escolar da rede municipal de ensino. Crédito da Foto: Luiz Setti / Arquivo JCS Crédito da Foto: Luiz Setti / Arquivo JCS

 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que manter a merenda escolar mesmo sem aulas em meio à pandemia de novo coronavírus é importante, já que muitas crianças mais pobres dependem disso para se alimentar ao longo do dia.

"Isso é louvável, se o ministro Abraham (ministro da Educação, Abraham Weitraub) assim proceder", afirmou. Mandetta disse que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, prepara medidas para reforçar a alimentação das crianças mais pobres, com proteína, leite em pó e barras.

O ministro disse ainda que o início da transmissão do covid-19 começou no Brasil nas classes mais ricas, que viajam ao exterior, e, portanto, são bem nutridas e vivem em casas bem estruturadas, ao contrário da maioria das doenças, que começam nas classes mais pobres. Por isso, é preciso que o País se prepare para quando a doença atingir essa população.

Sapatos

O ministro da Saúde disse que todo tipo de medida que puder ajudar a não propagar o novo coronavírus deve ser adotada, mas com bom senso.

Questionado sobre se as pessoas devem tirar os sapatos ao chegar em casa, ele disse que sempre adotou a prática, já que ele e a mulher são médicos e frequentavam hospitais, para evitar contaminação dos filhos quando eram crianças e ainda engatinhavam.

O secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, disse que tirar os sapatos ao entrar em casa é um hábito comum em países europeus e reforçou que essa é uma questão de bom senso.

Mandetta lembrou ainda à população que abra sua casas e deixem o ar circular, para impedir que gotículas de saliva possam contaminar outras pessoas.

O ministro disse que cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidir se é preciso adotar medidas adicionais para checar passageiros que chegam de voos internacionais nos aeroportos brasileiros. "Já temos transmissão sustentada, temos que ver até que ponto isso teria eficácia."

O ministro disse que o governo vai convocar profissionais para trabalhar por meio do programa Mais Médicos. Sobre médicos que se formaram em outros países, como Bolívia e Paraguai, e que ainda não possuem licença para trabalhar no Brasil, o ministro sugeriu que eles cumpram a "missão humanitária de atender nossos irmãos bolivianos e paraguaios, já que estão legitimados para tal". Segundo ele, não trabalhar nesses locais "seria uma falta de cortesia dos médicos formados em países tão carentes, e com uma qualidade tão boa".

Sobre a antecipação da formatura de estudantes de medicina, o ministro esclareceu que é algo meramente burocrático e que servirá apenas para aqueles que estão no sexto ano, que já cumpriram 99,9% do curso.

Cidades pequenas

Mandetta voltou a pedir bom senso às pessoas em relação a medidas de prevenção ao novo coronavírus.

"Tem gente tomando decisão por pânico, por política, decisões devem ser técnicas", criticou. "Em cidades muito pequenas não faz sentido tantas restrições de circulação", completou.

O ministro reforçou que a covid-19 é uma doença de notificação compulsória e lembrou que atrasos na comunicação de casos suspeitos e confirmados pode levar a penalidades.

Jovens

Ao responder perguntas sobre a possibilidade de casos graves de covid-19 entre os mais jovens ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou os informes feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Eu tenho que dizer aos jovens que não temos casos de problemas com jovens. Já passou da hora da OMS falar qual o comportamento dessa doença, o que ocorreu na China. O que ocorreu em Pequim? Por que lá teve meia dúzia de casos?", questionou.

Mandetta lembrou que também existem jovens com leucemia, diabetes, asma grave e outras comorbidades. "Mas a OMS colocou isso de maneira genérica. É o sistema imunológico dos jovens que vai proteger o resto da imunidade, como foi desde o início da humanidade", completou.

O ministro voltou a pedir bom senso para as autoridades locais que têm tomado medidas de restrição à circulação de pessoas. "As pessoas precisam saber quais são as regras de comportamento e como podem se movimentar. Estamos aqui para oferecer amparo técnico a prefeitos e vereadores para que não banalizem a hora que pediremos recolhimento da população", completou.

CRM

O ministro da Saúde explicou que a ideia de antecipar a formatura de médicos seria para os alunos mais próximos de obterem o diploma, já em residência médica - chamados sextoanistas.

"Vamos trabalhar com o MEC para que, no momento da graduação já se faça a inscrição no CRM. Os sextoanistas já estão se preparando para a formatura", afirmou. "Não tem nenhum sextoanista que, se estudou e fez a prova, não conhece essa doença. Sabe muito bem conduzir um caso de pneumonia clínica, sabe fazer a identificação dessa morbidade", acrescentou.

Para Mandetta, os médicos mais jovens só têm sintomas leves e por isso podem ser usados na linha de frente. "A Itália entrou com médicos de mais idade, não teve essa oportunidade", completou.

China

Mandetta voltou a contestar as informações sobre o novo coronavírus fornecidas pelo governo chinês no começo do surto de covid-19, ainda em novembro e dezembro de 2019.

"Nos parece que o que nos mostraram é bem diferente do que estamos vendo acontecer no mundo ocidental. Ou é um vírus bem diferente, ou é uma história que será narrada pela ciência ocidental, que achamos que pode ser a que está mais correta", afirmou. "O que aconteceu em novembro e dezembro na China? Se estavam se deslocando", completou. (Agência Estado)