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João de Deus se entrega à polícia em Abadiânia (GO)

16 de Dezembro de 2018 às 17:48

Justiça decreta prisão de João de Deus O médium nega os crimes - Foto: Cesar Itiberê/Fotos Públicas

O médium João de Deus se entregou às autoridades e foi preso neste domingo, 16, em Abadiânia (GO). O líder espiritual teve o mandado de prisão decretado no fim da manhã de sexta, 14, e negociava os termos de sua apresentação. O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende João de Deus, informou ao Estado que o médium aceitou a recomendação de se entregar na presença do delegado-geral de Goiás, André Fernandes de Almeida.

Uma vez preso, João de Deus será levado para Goiânia, onde prestará depoimento sobre as acusações. Ao Estado, o delegado André Almeida afirmou que o interrogatório será ‘longo e detalhado’. Em virtude da idade e dos crimes pelos quais é acusado, a expectativa é que o médium seja lotado em uma cela individual.

A defesa de João de Deus afirmou no sábado, 15, que planeja apresentar um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva. Segundo Toron, não há contemporaneidade entre as denúncias contra o médium e sua necessidade de prisão. “Os fatos são antigos e não aconteceu nada de novo que justificasse a prisão”, declarou.

Desde a revelação do caso, quando as primeiras acusações foram reveladas pelo Jornal Nacional e pelo Conversa com Bial, ambos da TV Globo, a promotoria de Abadiânia, em Goiás, recebeu 335 denúncias de abuso sexual contra João de Deus.

As acusações vieram de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países – Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.

O crime teria ocorrido durante sessões espirituais no Centro Dom Inácio Loyola, em Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília. O espaço atendia cerca de 10 mil pessoas todo mês – 40% delas eram estrangeiras. Segundo a Promotoria, João de Deus oferecia “atendimentos particulares” a mulheres após os tratamentos, momento em que os abusos seriam cometidos.

A promotoria alega que quatro funcionários são suspeitos de participação nos crimes.

Na quinta, 14, o Ministério Público protocolou pedido de prisão preventiva contra João de Deus após notar retirada de R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras em nome do médium. No dia seguinte, a Vara Judicial de Abadiânia expediu o documento, mas ele não foi localizado pelas autoridades em 20 locais.

João de Deus foi considerado foragido da Justiça pelo Ministério Público no sábado, 15, e teve o nome incluído na lista de procurados da Interpol.

O médium fez apenas uma aparição pública após a revelação das denúncias. Ao visitar a Centro Dom Loyola, em Abadiânia, se declarou inocente. “Eu estou na mão da lei brasileira. O João de Deus ainda está vivo”, disse.

A mulher de João de Deus, Ana Keila Teixeira, participou de uma festa de distribuição de brinquedos em Abadiânia e pediu oração aos presentes. “Apesar das turbulências, peço que todos continuem rezando para que a verdade prevaleça”, afirmou. O evento é promovido anualmente pela família na ocasião do Natal. (Agência Estado)