Houve choques idiossincráticos na inflação, afirma diretor do BC
As projeções estão no boletim Focus - Crédito da Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, falou nesta quinta-feira (8), sobre como o cenário econômico mudou entre agosto do ano passado, quando Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic para 2,00% ao ano, e agora, após a primeira elevação de juros do novo ciclo, para 2,75% ao ano. Segundo ele, o consenso do colegiado e do mercado em agosto do ano passado era o de que a inflação continuaria em patamares muitos baixos, o que possibilitaria um estímulo monetário extraordinário, bem como o uso do "forward guidance" a partir daquele momento com critérios para que os juros não voltassem a subir.
Para Kanczuk, os choques de alimentos no Brasil são idiossincráticos, bem como a bandeira tarifária nas contas de luz. "Mas isso tem um impacto menor. O grande efeito mais recente veio da inflação importada de commodities, que continua crescendo e surpreendendo a todos em apenas uma direção. Esse impacto foi gigante", afirmou, em evento promovido pelo BNY Mellon.
O diretor do BC argumentou que o Copom fez um bom no trabalho em relação à inflação de serviços, mas reconheceu que os preços dos bens industriais subiram mais do que o esperado pela autoridade monetária, devido a algumas interrupções de cadeias de suprimentos. "Isso foi uma surpresa que nós não devemos ter no futuro. A segunda onda da pandemia não é mais sem precedentes, porque houve a primeira onda e aprendemos com ela", completou.
Crescimento da economia
Kanczuk reforçou que o cenário básico do Copom aponta que a inflação caminha para perto da meta no horizonte relevante, que ainda incluía 2021 na última reunião, do mês passado.
O diretor repetiu que, após a alta de 0,75 ponto porcentual na Selic em março para 2,75% ao ano, o modelo aponta para uma nova elevação de 0,75 p.p. na taxa para 3,50% em maio. (Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro/Estadão Conteúdo)