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Famílias optam por Natal intimista por conta da pandemia

24 de Dezembro de 2020 às 19:31

Famílias sorocabanas optam por um Natal intimista por conta da pandemia A maneira mais segura de celebrar o Natal e o réveillon é ficando em casa com os familiares que já moram juntos. Crédito da foto: Fábio Rogério (7/12/2020)

“Foi uma decisão de abrir mão de estarmos fisicamente juntos neste Natal para garantir que a gente tenha todos os outros”, resume a professora Solange, que hospedava a festa do dia 24 de dezembro da família Rodrigues há 21 anos, mas teve sua tradição cancelada em razão da pandemia. Assim como eles, diversas famílias tiveram de mudar de planos quanto às festas de fim de ano para garantir a segurança dos seus integrantes.

Com o aumento de casos e óbitos relacionados à Covid-19, as celebrações natalinas se tornaram uma preocupação em todo o mundo.

No Estado de São Paulo, o Centro de Contingência de Combate à Covid-19 orientou que a população se reúna em grupos de no máximo dez pessoas nos eventos familiares de fim de ano. O coordenador do grupo, José Medina, aconselhou que os encontros tenham curta duração, de até uma hora, e que os mais velhos sejam protegidos.

Para ajudar, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou uma planilha com orientações para as festividades. Segundo o documento, a maneira mais segura de celebrar o Natal e o réveillon é ficando em casa com os familiares que já moram juntos.

É isso que a família Rodrigues vai fazer. “Mesmo todo mundo estando em home office, a gente vê que a transmissão se dá ao acaso, numa visita despretensiosa. Então foi uma decisão muito difícil, mas por amor”, conta Solange, que recebia de 35 a 38 pessoas em sua casa todo dia 24 e, este ano, irá passar a data somente ao lado do marido, dos filhos e da sogra. “Quando todo mundo for vacinado, a gente faz um Natal fora de época”, brinca

Luiza Rodrigues do Carmo, estudante e sobrinha de Solange, gosta tanto da data que passava em dose dupla: uma com a tia e outra, no dia 25, na casa da avó paterna -- com direito a mais peru e amigo-secreto. “Sempre foi uma festança”, diz ela, que neste ano vai passar com os dois irmãos e os pais em sua casa. “Quando tomaram essa decisão de não se reunir, eu fiquei muito chateada, porque não tenho um contato diário com os meus primos, os vejo poucas vezes ao ano e o Natal é uma dessas. Mas com o tempo, e pensando sobre o assunto, hoje eu consigo enxergar isso com outros olhos”‘

Tios, primos e irmãos reunidos, amigo-secreto, mesa farta e as debochadas piadas do pavê. No Brasil, o Natal é isso e muito mais. Mas em tempos de pandemia, a festa diminui de tamanho e se transporta para o digital. “Vamos fazer videochamada com todo mundo para pelo menos ter um pouco de contato do jeito que dá”, conta Luiza.

Nunca houve um melhor momento para definir o seu cardápio e trilha sonora de Natal, e talvez até mesmo estabelecer uma nova tradição a longo prazo. Luiza, por exemplo, já decidiu a dela. “Ano passado quando eu concluí o vestibular, a gente criou o hábito de assistir a filmes de Natal. Então este ano tentaremos seguir essa tradição e incluir meus pais nela”, diz ela, que só hoje consegue ver as partes boas do isolamento. “Este foi o ano que eu passei mais perto dos meus irmãos e dos meus pais e, ao mesmo tempo que foi difícil no começo, de lidar com as diferenças e tudo mais, foi também uma oportunidade de a gente ver com outros olhos as mesmas pessoas.”

Do outro lado do mundo

A ceia é o que anima o quarteto de brasileiros que está vivendo na Holanda durante um estágio. “Eu estou animada. É a primeira vez que passo o Natal longe da minha família e já estamos pensando em vários tipos de comida que podemos fazer”, conta Beatriz Maciel de Carvalho, de 21 anos, que vive junto com os amigos Juliana, Gabriel e Luan. “Não era nosso plano inicial, queríamos estar viajando, mas já aceitamos a ideia e iremos fazer algo legal. Vai ter até amigo-secreto.”

Aqui no Brasil, a mãe, Márcia, ficou apreensiva. “Quando ela saiu eu já sabia que o retorno dela seria só em 2021. Mas, naquela época, a gente ainda não estava vivendo esse drama do coronavírus. Com o decorrer do tempo veio um turbilhão de emoções”, conta ela, que admite sentir um misto de emoções entre apreensão e saudade. “Ela vai estar com a gente em chamada de vídeo, mas meus outros dois filhos vão estar aqui me acariciando”, diz. (Ana Lourenço - Estadão Conteúdo)