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Defesa diz que João de Deus vai se entregar neste sábado (15)

15 de Dezembro de 2018 às 12:22

Justiça decreta prisão de João de Deus O médium nega os crimes - Foto: Cesar Itiberê/Fotos Públicas

João de Deus provavelmente não está em Goiás, informou o delegado geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida. Acusado por mulheres de abuso sexual e com prisão preventiva determinada nesta sexta pela Justiça, o médium acerta os detalhes para se apresentar a Justiça ainda hoje, informou Fernandes. Ao longo da manhã deste sábado, a Polícia Civil e a defesa do líder espiritual retomaram as negociações. Foram dois telefonemas. "Assim que o local e horário forem fixados, será preparada a logística", disse o delegado.

Uma das possibilidades é de que integrantes da Polícia Civil sejam encaminhados até o local onde o médium está para que a prisão preventiva seja formalizada. A intenção de advogados é preservar a imagem do cliente. Uma vez preso, ele seria levado para Goiânia, onde faria o interrogatório. "Será longo, detalhado. Há um grande número de relatos e informações que precisam ser questionadas."

João de Deus foi visto em público pela última vez nesta quarta, quando visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, onde faz os atendimentos. Em um pronunciamento de poucos minutos, disse ser inocente e estar a disposição da Justiça.

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Desde que a prisão preventiva foi realizada, a Polícia Civil afirma já ter procurado o médium em mais de 20 endereços. Na casa dele de Goiás, no entanto, as buscas não foram feitas. Os endereços já investigados estão sob sigilo. "Há pontos que também estão sendo vigiados", disse o delegado geral.

A Força Tarefa montada para investigar as denúncias de abuso sexual que teriam sido cometidas pelo médium já reuniu mais de 330 relatos em vários Estados do País. Mulheres que se dizem vítimas também se apresentaram em seis países. João de Deus atende cerca de 10 mil pessoas por mês, das quais 40% são estrangeiras. Os abusos teriam sido cometidos depois do atendimento espiritual feito pelo médium. As mulheres relatam que, depois do atendimento em grupo, eram convidadas para uma consulta individual, onde os abusos seriam cometidos. O Ministério Público afirma ainda que quatro funcionários são suspeitos de ter envolvimento nos crimes.

A mulher de João de Deus, Ana Keila Teixeira, apareceu há pouco em público, durante uma festa de distribuição de brinquedos para criança carentes de Abadiânia e pediu que todos rezem para que a verdade prevaleça. A festa de distribuição de brinquedos é realizada todos os anos. É um dos acontecimentos de Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília, patrocinados pelo médium. Um toldo é estendido em frente da casa do líder espiritual, brinquedos são dispostos na rua. Depois do almoço, há distribuição de bonecas, bolas e outros brinquedos.

Todos os anos, cerca de 2 mil pessoas participam do evento. Na edição deste ano, no entanto, a movimentação está muito abaixo da média. Há, neste momento, cerca de 200 pessoas no local, a maioria crianças. Ana Keila não deu entrevistas.

Prisão

A Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva de João de Deus na sexta-feira, 15, após pedido do Ministério Público (MP) que reuniu ao menos 335 denúncias feitas por mulheres de 14 Estados e seis países.

Após o decreto da Justiça, policiais fizeram buscas em mais de 20 locais atrás do médium - sem sucesso. Desde quarta-feira, 12, quando apareceu na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, ele só fez um pronunciamento de poucos minutos para declarar sua inocência, e não foi mais visto.

Para pedir a prisão de João de Deus, o MP justificou que, caso permanecesse solto, o médium poderia ameaçar mulheres que dizem ter sido abusadas sexualmente ou, ainda, fazer novas vítimas. As investigações tiveram início na segunda-feira, dois dias após a TV Globo, no programa Conversa com Bial, apresentar depoimentos de mulheres que relataram ter sido abusadas sexualmente.

A polícia também recebe depoimentos de supostas vítimas. Só em Abadiânia, três inquéritos foram instaurados nos últimos dias. Outros casos anteriores chegaram a ser arquivados por falta de provas, mas a recomendação, agora, é que sejam reabertos.

A Promotoria calcula que, se comprovadas as denúncias, João de Deus pode ter uma sentença superior a 150 anos de prisão. Os relatos indicam três crimes: estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. (Estadão Conteúdo)