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CPI aponta publicidade federal em canais com ‘conteúdo inadequado’

04 de Junho de 2020 às 00:01

Relatório produzido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News mostra que o governo federal investiu dinheiro público para veicular 2 milhões de anúncios publicitários em canais que apresentam “conteúdo inadequado”. A lista inclui páginas que difundem fake news, promovem jogos de azar e até sites pornográficos. Canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro também receberam publicidade oficial.

O documento, produzido por consultores legislativos, tem como base informações da própria Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) referentes ao período de junho a julho do ano passado. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação pela CPI, que os divulgou em sua página.

Segundo a análise dos consultores, a maior parte dos anúncios está relacionada à campanha do governo para promover a reforma de Previdência, aprovada no ano passado no Congresso. A verba da Secom foi distribuída por meio do programa Google Adsense, que paga um valor determinado ao site a cada vez que um usuário clica na publicidade. O relatório não aponta quanto foi pago por canal.

Em entrevista no Palácio do Planalto, o secretário de Comunicação, Fabio Wajgarten, afirmou que cabe à empresa de internet definir as páginas que receberão os anúncios com base em critérios técnicos. “Na Secom do presidente Bolsonaro não há desvios, não há favorecimento de A, B ou Z. A Secom preza a tecnicidade e a economicidade”, afirmou ele.

Na ferramenta do Google, no entanto, é possível adicionar filtros que bloqueiam a veiculação em sites determinados.

A empresa afirmou ontem, em nota, que as suas plataformas “oferecem controles robustos que permitem o bloqueio de categorias de assuntos e sites específicos, além de gerar relatórios em tempo real sobre onde os anúncios foram exibidos”. Ou seja, segundo o Google, o anunciante -- no caso, o governo federal -- é informado onde os anúncios são exibidos e pode bloqueá-los.

De acordo com o Secretário de Publicidade da Secom, Glen Valente, o governo já faz uma seleção e exige do Google que sites impróprios não tenham publicidade oficial. Ele afirmou, no entanto, que a secretaria não pretende alterar os critérios para incluir páginas que disseminam notícias falsas na lista. “A Secom não vai definir o que é site de fake news ou não. Não vamos fazer censura”, afirmou. (Estadão Conteúdo)