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Cientistas defendem reabertura das escolas

31 de Outubro de 2020 às 00:01

Cientistas defendem reabertura das escolas Estudo propõe medidas para minimizar riscos para alunos e professores. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (8/10/2020)

O Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu nota técnica ontem, na qual classifica a reabertura das escolas como “necessária e imprescindível” e destaca a importância de medidas para minimizar os riscos de exposição de alunos, professores e funcionários.

“A experiência internacional nos ensina que existe um caminho para a reabertura de escolas, através da implementação de medidas para minimizar o risco de transmissão viral”, diz a nota. “Precisamos agir para que o retorno às aulas aconteça o mais breve e da maneira mais segura possível para alunos e profissionais envolvidos”, afirmam os cientistas.

“A dinâmica do dia a dia da comunidade escolar precisa ser resgatada, sob pena de termos efeitos mais danosos e irreversíveis sobre as perspectivas de vida de toda uma geração, principalmente os mais vulneráveis”, segue a nota. “Que, neste retorno, todos os alunos tenham acesso de igual modo ao conteúdo do ensino, seja de forma remota ou presencial”.

Segundo os pesquisadores, os dados colhidos até agora indicam que as escolas não desempenham papel importante na transmissão do novo coronavírus. “Estudos realizados em fevereiro e março, ainda antes das medidas de isolamento social serem implementadas, já sinalizavam algumas lições: existem poucos relatos de transmissão a partir de crianças, levando a grandes surtos, especialmente no cenário escolar, e a transmissão na comunidade de crianças mais velhas é maior”, afirma a nota técnica. Já os adultos têm participação muito mais significativa na cadeia de transmissão na escola. O estudo de três casos ocorridos em escolas de Singapura indicaram que duas crianças de cinco e oito anos adoeceram sem transmissão secundária, enquanto um adulto adoeceu transmitindo para outros 16 adultos dentro da escola, e estes contaminaram 11 familiares.

Segundo os pesquisadores, após sete meses com as escolas fechadas, é preciso reavaliar os benefícios e os “efeitos colaterais” da medida, como o fato de que a evasão escolar corre o risco de aumentar de forma irreversível.

Coordenado pelo pesquisador Roberto Medronho, o grupo de trabalho afirma que “o exemplo no uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento deve ser feito e liderado por professores, pais e responsáveis. Deve também ser enfatizado que ninguém deve ir à escola ao menor sinal de doença”.

Confira no quadro abaixo as 17 medidas que os cientistas elencaram para auxiliar no combate à disseminação do coronavírus nas escolas. (Fábio Grellet - Estadão Conteúdo)

Volta às aulas exige 17 protocolos

1. Ampla divulgação sobre formas de reconhecer sinais e sintomas da doença, modos responsáveis de circular pela cidade e a não participar de eventos presenciais caso a pessoa esteja sob suspeita ou confirmação de infecção pelo coronavírus;

2. Máscaras faciais devem ser usadas por todos os adultos e pelas crianças acima de dois anos de idade;

3. Todos os membros da comunidade escolar devem manter o distanciamento social mínimo necessário;

4. A higienização das mãos deve ser incentivada a todo momento e com o máximo de frequência possível;

5. Deve-se evitar levar as mãos aos olhos, boca e nariz;

6. Não pode haver aglomeração nos espaços físicos da escola;

7. Banheiros e demais dependências devem ser limpos com frequência;

8. Disponibilização de água potável sem o uso de bebedouros;

9. Salas de aula devem ser o mais ventiladas possível;

10. Aulas híbridas, que os alunos possam acompanhar remotamente;

11. Uso de máscaras e álcool em gel obrigatórios em transportes públicos;

12. Regras de conduta em casos suspeitos de Covid-19;

13. Ensino remoto para alunos incluídos nos grupos de risco; professores e funcionários que integram esses grupos devem seguir trabalhando de casa;

14. Identificar e manter contato com agentes da vigilância epidemiológica e unidades de saúde responsáveis pelo território onde a escola está inserida;

15. Envolver a comunidade na proteção do ambiente escolar;

16. Alunos, professores e funcionários não devem ir à escola se estiverem com suspeita ou confirmação de Covid-19, ou no período de incubação (quarentena), após contato suspeito;

17. Acompanhamento permanente dos indicadores epidemiológicos, para orientar possíveis mudanças no plano de reabertura. (Estadão Conteúdo)