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Caixa avalia venda de imóveis para bancar PPP do Porto do Rio

22 de Agosto de 2018 às 21:00

O presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson de Souza, afirmou nesta quarta (22) que o banco planeja a venda de imóveis na região do Porto Maravilha, no Rio, para bancar obras e a manutenção da área, que é objeto de parceria público-privada com a prefeitura do Rio.

O projeto de revitalização da região portuária sofre com a crise do mercado imobiliário, que resultou no encalhe dos títulos imobiliários (chamados de Cepacs) que autorizam a construção de prédios altos na região.

Nesta quarta, a Caixa e a prefeitura assinaram convênio para liberar R$ 147 milhões ao consórcio Porto Novo, responsável pela gestão da área, para a retomada das operações de manutenção na região -assumidas pela prefeitura em junho por falta de recursos para pagar o consórcio, formado por OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia.

O dinheiro será transferido do fundo imobiliário que gere os projetos na região e garantirão a manutenção por 12 meses. O montante equivale a cerca de 1/3 dos R$ 429 milhões previstos para o ano.

As obras de revitalização, portanto, serão mantidas em ritmo reduzido, admitiu o presidente da Caixa. O projeto já está avançado em uma região entre o Centro do Rio e a Rodoviária Novo Rio, no Santo Cristo, mas ainda não foram iniciadas na avenida Francisco Bicalho, área onde o gabarito permite prédios mais altos.

'O projeto de revitalização da região portuária sofre com a crise do mercado imobiliário'

Com falta de dinheiro no fundo, a ideia da Caixa é tentar reestruturar sua carteira, disse Souza, vendendo alguns imóveis. O primeiro será um edifício ocupado hoje pela L'Oreal, fabricante de cosméticos, uma das primeiras companhias a se instalarem na região portuária. "Estamos mapeando outros imóveis para vender", disse o presidente da Caixa, sem citar quais seriam. Com a crise econômica, grande parte dos imóveis já construídos na região está vazia. E, sem a circulação de pessoas, comércio e serviços também não são atraídos para a região, o que contribui para reduzir a procura.

A própria Caixa desistiu de mudar sua sede para a área, após manifestações contrárias de empregados, que se queixavam da falta de serviços no porto, dificuldade de acesso e a possível insegurança na área. No fim de julho, anunciou que mudaria para um prédio no centro da cidade, próximo à sede atual.

O banco já investiu cerca de R$ 7 bilhões no projeto, idealizado na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, hoje candidato a governador pelo DEM, como um dos levados da Olimpíada para a cidade. A área, porém, pronta em meio à crise econômica, que afetou fortemente o mercado imobiliário.

Na cerimônia desta quarta, o ministro das Cidades Alexandre Baldy propôs a construção de cinco mil unidades do Minha Casa Minha Vida na região, com o objetivo de atrair moradores -uma das vertentes do projeto de revitalização.

'O banco já investiu cerca de R$ 7 bilhões no projeto'

Pelos cálculos da prefeitura, a zona portuária poderia abrigar 400 mil pessoas, enquanto hoje abriga cerca de 28 mil. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), defendeu que a crise gera oportunidade para os investidores, já que reduziu o preço dos Cepacs para R$ 1.200 a R$ 1.400. "Eles já custaram mais de R$ 5.000", disse. "É um processo que leva tempo. Quantos anos foram necessários para a ocupação da região da Berrini, em São Paulo?", comentou o presidente da Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio), Antonio Carlos Mendes Barbosa.

A prefeitura assinou convênio também com o ministério das Cidades para a retomada das obras do corredor de ônibus BRT Transbrasil, outra obra prevista para a Olimpíada que enfrenta dificuldades por falta de recursos. (Nicola Pamplona - Folhapress)