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Brasília inicia testes com vacina chinesa para a Covid-19

05 de Agosto de 2020 às 20:50

Brasília inicia testes com vacina chinesa para a Covid-19 Sob coordenação do Instituto Butatan, em São Paulo, profissionais do HUB começaram a aplicar as primeiras vacinas. Crédito da foto: Divulgação / Universidade de Brasília (5/8/2020)

A Universidade de Brasília (UnB) começou nesta quarta-feira (5) testes sobre a eficácia de vacina contra a Covid-19, chamada CoronaVac. No primeiro dia, participaram do estudo cinco profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à doença.

Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias entre elas. O estudo clínico no Brasil é coordenado pelo Instituto Butantan.

Na capital federal, os testes são feitos em ambulatório do Hospital Universitário de Brasília, que é um dos 12 centros no Brasil que participam da fase 3 do ensaio clínico. A médica Larissa Bragança, 33, atua na UTI para Covid-19 do hospital da UnB e foi uma das voluntárias que recebeu a dose no primeiro dia de testes na capital federal.

"Na linha de frente vejo como a doença é difícil de lidar. Me surpreendeu a gravidade", disse ela. "É muito urgente conseguir essa vacina. O nosso País não está cumprindo isolamento como deveria. A situação pode sair ainda mais do controle com retomada do comércio e das aulas."

Etapa de estudos

Nesta etapa de estudos, é verificada a segurança e eficácia da droga. Os resultados apresentados na fase 2 de desenvolvimento foram considerados promissores pelos pesquisadores, que apontam a produção de anticorpos neutralizantes em 90% dos participantes que receberam a imunização.

Em Brasília, a ideia é incluir no protocolo de pesquisa 850 voluntários. Parte do grupo não recebe um placebo, para comparar efeitos com quem é imunizado.

No processo para receber a imunização, o voluntário passa por uma triagem, avaliação de sinais vitais, consulta médica, teste rápido (que encontra anticorpos para a doença), coleta de amostra para exame RT-PCR (que busca o RNA do vírus). Após a aplicação, há um tempo de observação, que leva cerca de 1 hora.

"O estudo vai mostrar para muita gente de que a pesquisa precisa é de financiamento e apoio. Os profissionais de saúde estão cansados, adoecendo. O mínimo que a gente precisa é de apoio do governo e da sociedade", disse Bragança, voluntária nos testes.

Canal para cadastro

O grupo responsável pela pesquisa abrirá um canal para cadastro de voluntários que desejam receber a vacina. Os candidatos devem trabalhar em serviço de saúde atendendo pessoas com Covid-19 e não ter contraído a doença, mesmo assintomática.

Cerca de nove mil voluntários, somente profissionais de saúde, vão receber as doses em 12 centros de pesquisa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 164 vacinas em desenvolvimento, entre elas a Coronavac: 25 estão em fase clínica e 139 em pré-clínica.

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Bragança conta que a UTI para Covid-19 na UnB tem taxa de mortalidade de 40%. "Marca perceber que os últimos dias de muitos pacientes vão ser com profissionais de saúde. Por não poder deixar a família entrar", afirma. Para a médica, a vacina ajudará o País a "virar a página". "Estou muito confiante." (Estadão Conteúdo)