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Bolsonaro critica processo eleitoral; Mourão elogia

17 de Novembro de 2020 às 09:00

O vice-presidente Hamilton Mourão ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Crédito da Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

No dia seguinte à eleição, o presidente Jair Bolsonaro colocou em xeque, mais uma vez, a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. A apoiadores, ele voltou a citar o uso do voto impresso ao justificar que é preciso um sistema que "não deixe dúvidas" ou "margem para suposições".

Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão, em mais uma declaração que vai de encontro ao discurso de Bolsonaro, afirmou que o processo eleitoral brasileiro é "muito bom, sem dúvida nenhuma".

Em setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é inconstitucional a adoção do voto impresso, ao concluir que a medida viola o sigilo e a liberdade do voto. Ainda assim, Bolsonaro insiste na tese de que a votação eletrônica é passível de fraude, o que é descartado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem de ser confiável e rápido, não deixar margem para suposições", disse o presidente a apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada.

Sistema eleitoral

Na sequência, Bolsonaro mencionou desconhecer se outros países no mundo usam o sistema eleitoral brasileiro, apurado por meio de urna eletrônica. Ao todo, contando com o Brasil, 46 países utilizam algum tipo de votação eletrônica em eleições, considerando pleitos de caráter nacional, regional, ou para escolha de dirigentes sindicais.

"Tenho proposta, tive né? O Supremo (Tribunal Federal) disse que é inconstitucional o voto impresso. (Mas) tem proposta de emendar a Constituição na Câmara. Se não tivermos uma forma confiável de apurar as eleições a dúvida sempre vai permanecer e nós devemos atender a população", disse.

O presidente disse que a demanda por mudanças no sistema eleitoral do País vem do "povo". "Muita gente fala, alguns falam, sem ouvir o povo, sem sair de seus gabinetes. No meu caso, estou sempre ouvindo a população. Eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, não tem problema nenhum, mas que seja garantido que o voto que essa pessoa deu vá para aquela pessoa realmente de fato."

Bolsonaro questionou a lisura até da votação em que foi eleito. Em março, ele afirmou que "brevemente" apresentaria provas de que houve uma "fraude" nas eleições de 2018, mas até agora não mostrou nenhuma evidência do que disse.

Eleições

Nas eleições deste ano, houve lentidão na apuração de votos logo após o fim do pleito causada por um problema em processadores de um computador, segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. De acordo com o TSE, tradicionalmente a totalização de 100% dos votos só é concluída na segunda-feira seguinte à votação, com a contagem de votos de locais de difícil acesso.

Apesar da demora, Barroso tentou afastar as suspeitas sobre a possibilidade de se fraudar os resultados. Segundo ele, não é possível que haja fraude porque os resultados em cada urna são impressos em um boletim, ao final da votação, afixados na seção eleitoral e distribuídos aos partidos. (Estadão Conteúdo)