Aumentam as cobranças sobre Pazuello
Ministro ainda enfrenta dificuldades nas negociações com os fabricantes da Covaxin e da Sputnik. Crédito da foto: Tomaz Silva / Agência Brasil (5/2/2021)
Com doses de vacina contra a Covid-19 se esgotando, governadores e congressistas preparam uma ofensiva sobre o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para acelerar a chegada de novos imunizantes ao País. A pressão sobre o general aumentou após Pazuello prometer que todo o País será imunizado ainda neste ano, mesmo com o governo federal patinando para ampliar a oferta de vacinas.
O Fórum dos Governadores reúne-se com Pazuello nesta quarta-feira (17). Os chefes dos Estados e do Distrito Federal vão cobrar, novamente, um cronograma para a entrega das doses. “Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada. Neste ritmo, não vai se concretizar o plano do governo de vacinar, até junho, metade da população”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena trabalhos do Fórum sobre vacina.
O Ministério da Saúde afirma que 11,1 milhões de doses já foram entregues. Este volume serve para vacinar cerca de 6,5 milhões de pessoas. Segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, o número de pessoas vacinadas no País chegou a cerca de 5 milhões no domingo (14). Os dados do Ministério da Saúde, que estão desatualizados, apontam cerca de 3 milhões de pessoas que receberam ao menos a primeira dose.
Pressionado pela ameaça de uma CPI, Pazuello disse a senadores, no último dia 11, que metade da população será vacinada até junho. O restante, até dezembro, disse o general. Segundo o ministro da Saúde, o Brasil trabalha para ter “reservas” de vacina e até mesmo exportar para outros países da América Latina.
A falta de doses, porém, tem travado as campanhas de imunização. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), anunciou ontem que irá interromper a aplicação da vacina pela falta de doses. Há ainda reclamações sobre o critério para distribuição das doses. O governo do Pará reclama de ser o último colocado, na conta ajustada pela população de cada Estado. O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), escreveu no Twitter que o ritmo lento da campanha na cidade deve-se ao número de doses recebidas.
Pressão parlamentar
O Congresso também cobra mais agilidade do Ministério da Saúde para a entrega dos imunizantes. O deputado federal e líder do Cidadania, Alex Manente (SP), apresentou requerimento de informações para que Pazuello detalhe o plano de vacinação contra a Covid-19. O deputado pede o volume de recursos que o governo federal pretende destinar, a quantidade de imunizante, prazos de recebimento, a logística, cópia de contratos assinados com os laboratórios e motivos do andamento lento da vacinação. O pedido ainda precisa ser aprovado pela Mesa da Câmara.
A Câmara dos Deputados ainda deve votar na quinta-feira (18) a medida provisória 1026/2021, que libera a compra de vacinas mesmo antes do registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Auxiliares de Pazuello tem dito que a aprovação desta medida, que ainda terá de ser apreciada pelo Senado e sancionada por Bolsonaro, deve destravar a compra de vacinas como a Sputnik V e a Covaxin, desenvolvidas, respectivamente, na Rússia e na Índia.
O Ministério da Saúde afirma, em nota, que tem 354 milhões de doses garantidas para este ano. “Por meio dos acordos com a Fiocruz (212,4 milhões de doses), Butantan (100 milhões de doses) e Covax Facility (42,5 milhões de doses)”, diz a pasta. (Mateus Vargas - Estadão Conteúdo)