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Após condenações anuladas, Lula fala pela primeira vez

11 de Março de 2021 às 00:01

Depois de ter suas condenações na Lava Jato anuladas em decisão monocrática do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu primeiro pronunciamento para enviar recados ao “mercado” e à classe política, além de fazer críticas ao ex-juiz Sérgio Moro e ao presidente Jair Bolsonaro. Em discurso de 1h30, ontem, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, mesmo local onde foi preso antes de ser levado a Curitiba, o petista afirmou que está “livre da Lava Jato”, sem citar o fato de que os processos podem ser retomados, agora em Brasília.

Sobre a decisão de Fachin, o ex-presidente agradeceu ao ministro, mas questionou o momento. “O meu tempo não era o tempo deles (Poder Judiciário).” Mesmo fora da Lava Jato, Lula ainda é réu em seis ações penais que tiveram origem em outras investigações. Além disso, a decisão de Fachin pode ser objeto de recurso por parte da Procuradoria e analisada pelo plenário do STF. “Estou satisfeito que tenha sido reconhecido aquilo que meus advogados vem dizendo. Agora quero dedicar o resto de vida para voltar a andar por esse País para conversar com esse povo”, falou. O ex-presidente não comentou sobre as acusações de corrupção envolvendo o PT. Sobre Moro, disse que vai continuar “brigando” para que o ex-juiz seja considerado suspeito.

Para Lula, a Lava Jato causou prejuízos à Petrobras. “Por conta da Lava Jato, o Brasil deixou de ter investimentos de R$ 172 bilhões.” Segundo o ex-presidente petista, a operação poderia ter atuado sem atingir as “empresas geradoras de empregos”.

Em tom de candidato, disse que vai procurar políticos não só da esquerda, mas do centro, em busca daquilo que considera solução para a atual crise. Lula se disse “conciliador” e declarou que deve conversar com empresários: “Não tenham medo de mim.” Entretanto, garantiu não aceitar se colocar como candidato agora nem dizer se o PT vai encabeçar uma chapa, mas não descartou aliança com partidos de centro.

O ex-presidente criticou Bolsonaro e afirmou que vai se vacinar contra a Covid-19. Ele também pediu para que a população tome a vacina, ressaltou o papel dos governadores no enfrentamento do coronavírus e prestou solidariedade às vítimas e aos “heróis e heroínas do SUS”. Sobre sua prisão, assumiu o papel que representa com maestria há tempos. “Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história (desse País). Se tem brasileiro que tem razão de ter mágoas, sou eu. Mas não estou.” (Da Redação)