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Multivitamínicos São Saudáveis Para Todas As Pessoas?

20 de Outubro de 2020 às 12:36

Muitas pessoas tendem a pensar que suplementos multivitamínicos são uma boa opção para trazer mais saúde a praticamente qualquer pessoa em praticamente qualquer dieta.

Sendo que o raciocínio principal tende a ser algo como o seguinte.

"São apenas algumas vitaminas e minerais… mal não vai fazer."

Mas este raciocínio está errado.

Inclusive porque os suplementos multivitamínicos tendem a ter muito do que você não precisa, e pouco do que você precisa.

Por exemplo, em dietas ocidentais, são bastante comuns as deficiências de vitamina D e de magnésio.

Sendo que estes dois nutrientes estão presentes em baixa dosagem na maior parte dos multivitamínicos.

Por outro lado, os multivitamínicos tendem a ser ricos em Vitamina C.

Mas a deficiência desta vitamina é algo incrivelmente raro (mesmo em dietas cetogênicas ou até mesmo carnívora).

Dessa forma, eles podem acabar por deixar sua alimentação ainda mais desequilibrada em termos de nutrientes.

E aqui temos de lembrar de um estudo no qual foi oferecida vitamina E (conhecida por ser um antioxidante) na forma de suplemento para os participantes.

O que aconteceu?

A suplementação com vitamina E não ajudou a prevenir câncer e nem a diminuir os casos de problemas cardíacos em pacientes com doenças vasculares ou com diabetes mellitus.

Na verdade, o resultado foi pior do que isso: a vitamina E aumentou o fator de risco de doença cardíaca.

Sendo que elencamos este estudo apenas para notar que o excesso de determinados nutrientes pode sim ser prejudicial.

Desta forma, nós julgamos prudente evitar o consumo de multivitamínicos — e, na verdade, de qualquer suplemento — sem saber o porquê de o estarmos ingerindo.

Então é mais inteligente você fazer exames para saber o que está faltando, e cuidar desses pontos com atenção.

Em vez de achar que multivitamínicos e suplementos sejam uma espécie de “garantia” contra uma dieta pobre e mal formulada.

No entanto, caso seus exames de fato identifiquem uma deficiência, uma opção inteligente pode ser buscar os nutrientes nos alimentos (na chamada comida de verdade.)

Antes de correr atrás de pós, fórmulas, pílulas e suplementos.

Sendo que existem recursos úteis para encontrar alimentos ricos em determinados nutrientes — como esta ferramenta (em inglês).

Na imagem abaixo, por exemplo, procuramos por “alimentos ricos em magnésio e pobres em amidos e carboidratos”.

Você pode reparar que os resultados são diversos tipos de peixes (bacalhau, salmão, cavala, peixe branco, e outros) — todos ótimas fontes de gorduras boas, ácidos graxos ômega-3, proteínas completas e, sim, magnésio.

Por isso, pode valer a pena pesquisar nos alimentos pelos nutrientes que você procura.

Pois é bem possível que, apenas com comida de verdade, você consiga ter uma alimentação completamente saudável.

E sem ter de ficar correndo atrás de cada nutriente, e analisando os alimentos apenas por esse ponto de vista (o chamado nutricionismo).

Então, em vez de pensar em nutrientes e suplementos, pense em comida.

Resumindo:

Os multivitamínicos não são “inofensivos” — e, se você segue uma dieta bem feita não deve precisar deles.

Sempre que possível, busque nutrientes na comida, e não em pílulas.

FONTES:

Sahota O. (2014). Understanding vitamin D deficiency. Age and ageing, 43(5), 589–591. https://doi.org/10.1093/ageing/afu104

Forrest, K. Y., & Stuhldreher, W. L. (2011). Prevalence and correlates of vitamin D deficiency in US adults. Nutrition research (New York, N.Y.), 31(1), 48–54. https://doi.org/10.1016/j.nutres.2010.12.001

Lonn, E., Bosch, J., Yusuf, S., Sheridan, P., Pogue, J., Arnold, J. M., Ross, C., Arnold, A., Sleight, P., Probstfield, J., Dagenais, G. R., & HOPE and HOPE-TOO Trial Investigators (2005). Effects of long-term vitamin E supplementation on cardiovascular events and cancer: a randomized controlled trial. JAMA, 293(11), 1338–1347. https://doi.org/10.1001/jama.293.11.1338