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Recuperação muscular está presente no dia a dia de não atletas

Massagens, crioterapia e técnicas de relaxamento saem dos clubes profissionais e conquistam brasileiros em busca de alívio para tensões do dia a dia

10 de Dezembro de 2025 às 17:58
Senhor Tanquinho [email protected]
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Massagem terapêutica, crioterapia e aplicação de calor já fazem parte da rotina de brasileiros que praticam atividades físicas ou buscam alívio para tensões corporais. O crescimento de 30% no número de praticantes de exercícios desde 2020 – 21 milhões de novos adeptos, segundo pesquisa do IBOPE Repucom – impulsionou a procura por esses métodos de recuperação muscular. Antes restritas a atletas profissionais, as técnicas agora atendem pessoas comuns em todo o mundo.

Acompanhando esse movimento, o mercado de wellness (bem-estar) faturou US$ 6,3 trilhões em 2023, conforme relatório da Global Wellness Institute. O setor engloba práticas que vão desde massagens até tratamentos com gelo e sauna infravermelha. 

Estudos apontam massagem como melhor aliada contra dor muscular tardia

Uma meta-análise publicada na revista Frontiers in Physiology em 2018 identificou a massagem como o procedimento mais eficaz para reduzir a dor muscular tardia e a fadiga percebida, independentemente do nível de treinamento das pessoas. A técnica funciona porque aumenta o fluxo sanguíneo e ajuda a soltar músculos contraídos.

A eficácia varia conforme o tipo de massagem aplicado. As massagens suecas, shiatsu e shantala são conhecidas por favorecer mais o relaxamento, enquanto as tailandesas, havaianas e chinesas atuam de forma mais intensa sobre dores específicas. Pessoas com objetivos estéticos podem fazer massagem modeladora, técnica que emprega pressão mais vigorosa para outras finalidades.

O toque tem papel importante na regulação do sistema nervoso: movimentos suaves diminuem a produção de hormônios relacionados ao estresse e estimulam a liberação de substâncias que trazem sensação de tranquilidade.

Entre os métodos preventivos, a massagem relaxante em sessões regulares ajuda a manter os músculos soltos e previne dores que podem evoluir para quadros crônicos. A prática também prepara o corpo para atividades físicas ou longos períodos de trabalho, evitando o acúmulo de tensões.

Tratamento com gelo deixa de ser exclusividade de atletas profissionais

A crioterapia, que utiliza baixas temperaturas para recuperação muscular, era comum em centros de treinamento de clubes de futebol. Agora, é uma das apostas de academias para conquistar o público. A técnica é aplicada de três formas: criosauna (câmara de gelo a -190ºC por até 3 minutos), gelo localizado e crioimersão (banheiras de gelo). 

Pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam benefícios como relaxamento corporal, redução de inflamações e edemas, alívio da dor e estímulo à cicatrização. É importante que a pessoa, seja atleta ou não, seja supervisionada por um profissional. Especialistas alertam que exposição prolongada pode causar queimaduras, choque térmico e até hipotermia. 

Essa prática não é indicada para portadores de doenças autoimunes, como psoríase e vitiligo, e para diabéticos sem controle da doença.

Relaxamento muscular progressivo combate ansiedade e insônia

Já o relaxamento muscular progressivo consiste em contrair e relaxar grupos musculares sistematicamente. A técnica foi demonstrada em vários estudos para ajudar o sono e aliviar ansiedade e estresse, sendo utilizada por atletas de elite e acessível para qualquer pessoa praticá-la em casa com apenas 5 a 10 minutos disponíveis.

Profissionais de desempenho mental de equipes esportivas afirmam que a técnica é poderosa, ajudando tanto o músculo quanto a mente. Segundo eles, o relaxamento dos músculos, geralmente, pode ser sentido pelos praticantes imediatamente. Os treinadores, por sua vez, costumam aplicar a técnica para aumentar a consciência corporal.

Fora do mundo dos esportes, ela é usada para aumentar a tolerância à dor em pacientes que passaram por cirurgias, ou até mesmo para pessoas com doenças em estágios avançados, com histórico de aplicação em pacientes com Covid-19 e vítimas de queimaduras.

Estresse e sedentarismo lideram causas de tensão muscular

A tensão muscular pode surgir por estresse e ansiedade, postura incorreta, sedentarismo, esforço físico intenso ou inadequado e sono de má qualidade. O corpo reage ao estresse liberando hormônios como o cortisol, que aumentam o estado de alerta e provocam contração muscular involuntária. Passar longas horas sentado de forma inadequada sobrecarrega músculos específicos, como os das costas e do pescoço, já que a falta de movimento contribui para encurtamento muscular e perda de flexibilidade.

Os sinais de tensão acima do normal incluem rigidez muscular, dor ao toque ou movimentação, redução da amplitude dos movimentos, espasmos e cãibras frequentes, além de sensação de queimação ou peso no músculo afetado. 

Sinais de alerta e medidas preventivas para evitar dores crônicas

Profissionais recomendam procurar um médico se a dor persistir por mais de sete dias, se houver inchaço ou vermelhidão, fraqueza ou dormência nos membros, ou se a dor for súbita e intensa. Esses sinais podem indicar condições mais graves, como hérnias, compressões nervosas ou inflamações.

Estudos também mostram que hábitos saudáveis (hidratação adequada, alimentação equilibrada e sono de qualidade) podem ser tão ou mais eficazes do que tratamentos sofisticados para recuperação. A prevenção passa por ajuste de postura ao sentar e trabalhar, uso de cadeiras ergonômicas, pausas a cada hora para movimentação e rotina de atividade física.