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Crescimento de deep techs indica revolução das startups no futuro

Startups que utilizam deep techs criam novos negócios e produtos a partir de descobertas científicas.

29 de Setembro de 2021 às 11:26
Senhor Tanquinho [email protected]
exame de sangue
exame de sangue (Crédito: pexels)

Empresas de base científica e tecnológica nunca estiveram em tanta evidência. Segundo o relatório realizado pela Sifted, em parceria com a Dealroom e apoiado pela Comissão Europeia, 2021 é o ano das chamadas deep techs (em tradução livre “tecnologia profunda”) – startups cuja base tecnológica é ancorada em pesquisa científica.

De acordo com o estudo Meeting the Challenges of Deep Tech Investing, do Boston Consulting Group (BCG) e da Hello Tomorrow, as projeções para as deep techs são positivas, podendo atrair de US$ 140 bilhões a US$ 200 bilhões em investimentos em 2025.

Uma das aplicações mais conhecidas do método de tecnologia profunda foi o desenvolvimento da vacina Pfizer-BioNTech contra a Covid-19. O imunizante ficou pronto em menos de um ano, empregando a tecnologia de mRNA que estimula células saudáveis do corpo humano a produzirem proteínas virais, gerando assim uma resposta imunológica potente. A técnica, mesmo sendo pesquisada há mais de 25 anos, nunca havia sido utilizada na produção de uma vacina.

O que é uma deep tech? 

O termo deep tech foi criado pela CEO da companhia de investimentos Propel(x), Swati Chaturvedi, com o objetivo de designar startups que criam soluções a partir de tecnologias por meio das ciências. A metodologia da tecnologia profunda pode ser aplicada nas áreas da medicina, engenharia, química, biologia, física e matemática, por exemplo. 

No blog oficial da Propel(x), essas startups são classificadas como as que contemplam os seguintes aspectos: desenvolvimento a partir de anos de pesquisa e testes em laboratório; posse da propriedade intelectual; presença de um conselho técnico, além do conselho comercial. 

De acordo com um estudo da SGInnovate, companhia de valores de Singapura especializada em investir em deep techs, as empresas desta modalidade atuam em busca de soluções para problemas complexos da sociedade contemporânea, como doenças, aquecimento global e desenvolvimento industrial, por exemplo. 

Segundo relatório da Sifted, entre os países que mais colocaram dinheiro na tecnologia profunda estão Reino Unido, França e Alemanha que, nos últimos seis anos, aplicaram uma margem de 5 a 12 bilhões de euros em deep techs. 

Inovação no Brasil 

No Brasil, o investimento em startups que unem ciência e tecnologia também ocorre e vem sendo impulsionado por hubs de inovação e gestores de venture capital especializados em diferentes áreas do mercado. 

A área de saúde é uma das que impulsiona a criação das soluções de tecnologia profunda no país. Segundo o relatório Deep Tech, realizado pela Wylinka, associação sem fins lucrativos que apoia e promove a inovação baseada em ciência no Brasil, as transformações no setor são impulsionadas, entre outros fatores, pelo envelhecimento e pelo aumento da população, pelo crescimento nos custos com saúde e pelo avanço de doenças crônicas, como a obesidade e hipertensão, e de doenças psíquicas, como ansiedade e depressão.

A difusão e o barateamento das tecnologias da informação, somados ao avanço da biotecnologia, destacaram algumas verticais tecnológicas como impressão de tecidos vivos, nanotecnologia, telemedicina e inteligência médica artificial, para citar algumas das tendências apresentadas no report que mapeou 63 tecnologias brasileiras promissoras na área de diagnósticos e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis.

Outro setor promissor para as deep techs é a economia de baixo carbono. No relatório DeepTech Clima, também da Wylinka, foram mapeadas 94 tecnologias e pesquisas acadêmicas promissoras para melhorar a operação do setor energético por meio de soluções para a economia de baixo carbono.

Ambos os estudos confirmam o cenário nacional promissor para o fortalecimento das deep techs. Outro exemplo de investimento em tecnologia profunda no Brasil é uma empresa de capital de risco especializada em deep tech chamada Grids. Dados divulgados pelo Brazil Journal demonstram que a empresa está em processo de finalização de captação de um fundo de US$ 120 milhões, quase três vezes maior que seu fundo anterior.

Tendências tecnológicas

As tendências e oportunidades para o futuro das empresas de tecnologia profunda abrangem diferentes setores do cotidiano e do conhecimento, segundo dados levantados no estudo da SGInnovate. Tecnologia quântica, energia renovável, inteligência artificial, robótica, tecnologia agrícola e autônoma são algumas das áreas apontadas pelo estudo. Além disso, com o exemplo das vacinas, o setor médico também está entre aqueles com potencial em inovações para o futuro.