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Editorial

A vez dos cabelos brancos

A pergunta que mais se faz é se estamos preparados para atender essa demanda de pessoas mais velhas

28 de Novembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Pesquisas mostram aumento da expectativa de vida
Pesquisas mostram aumento da expectativa de vida (Crédito: Reprodução)

O ser humano, década após década, está vivendo mais. Vários fatores podem influenciar o aumento da longevidade. No século 20, era raro conhecer alguém que tivesse vivido até os 100 anos. Hoje, o número de pessoas centenárias no mundo cresceu e a tendência é que esse movimento continue.

Os cientistas suspeitam que a genética, aliada à seleção natural, desempenha um papel importante na longevidade. O organismo dos centenários parece ser capaz de se proteger contra o desgaste que afeta os mais jovens com o passar do tempo. Esses indivíduos também se mostram capazes de compensar até mesmo hábitos pouco saudáveis que podem levar a maioria de nós à morte precoce.

Um estudo feito pela Divisão de População da Organização das Nações Unidas estimou que, em 2021, mais de 621 mil pessoas tinham conseguido ultrapassar o centésimo ano de vida. A expectativa é que esse número aumente gradativamente e possa superar a marca de 1 milhão até o final desta década. Mesmo com esse aumento no número de centenários, chegar a 100 anos é motivo de comemoração e de orgulho uma vez que essa população, pelos estudos da ONU, representa apenas 0,008% da população mundial.

O avanço é tanto que em 1990, onze anos antes, apenas 92 mil pessoas tinham conseguido atingir essa marca. A humanidade precisou percorrer um longo caminho para conquistar essa chance de viver mais. Foram as pesquisas e os avanços em uma série de áreas que nos deram melhores medicamentos, boa alimentação e condições de vida vantajosas em comparação com as de nossos ancestrais.

Aqui no Brasil, o Censo Demográfico de 2022 mostrou que a parcela da população mais velha cresceu de forma acelerada, se comparamos com o Censo de 2010. Atualmente, o Brasil tem 37.814 pessoas com 100 anos ou mais, uma alta de 67% nessa faixa etária ante o último levantamento. Naquela época, a população mais velha do País representava 0,01% do total, hoje representa 0,02%, bem mais que a média mundial calculada pela ONU.

No Brasil, as mulheres representam a maior parte dos idosos com 100 anos ou mais, são 27.244 centenárias.
Sorocaba não foge à regra. O Censo 2022, mostrou que a cidade teve um significativo aumento da população idosa, bem acima do índice nacional. Como mostrou reportagem publicada na edição de domingo, 26 de novembro, do jornal Cruzeiro do Sul, enquanto no País o aumento da população idosa foi de 56%, em Sorocaba esse número chegou a 78%. O total de pessoas com 60 anos ou mais na cidade passou para 114.769, o que representa cerca de 15% da população total.

No País, o maior acréscimo relativo ocorreu no grupo que reúne pessoas de 90 a 99 anos. Nesse segmento, mais que dobramos a quantidade de representantes: de 83.421, em 2010, para 170.679, em 2022. Os centenários, que eram 3.234 no Censo anterior, passaram para 5.095 no ano passado.

Esse aumento na longevidade da população demanda uma série de reflexões por parte do poder público. A pergunta que mais se faz é se estamos preparados para atender essa demanda de pessoas mais velhas no campo da saúde, da habitação, da previdência social, dos transportes e até mesmo no lazer. Várias adaptações nas leis, tanto no município, quanto no Estado, como na União, devem ser realizadas para adequar o País a essa realidade.

Alguns benefícios dados no passado vão precisar ser revistos, outros terão que ser criados. As companhias aéreas no exterior, por exemplo, só consideram as pessoas acima de 80 anos como aptas a ter prioridade no embarque. Houve tempo que bastava ter 60 anos para conseguir essa vantagem.

A realidade está posta. Estamos vivendo mais e melhor. Só precisamos entender como essa dádiva pode ser aproveitada de forma que beneficie toda a comunidade.