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Editorial

A ONU e o aquecimento global

A adoção de medidas que reduzam a poluição da Terra é necessária, só que é preciso buscar equilíbrio antes de se tomar cada decisão

18 de Setembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
O governo atual pretende investir R$ 335 bilhões no setor de petróleo e gás nos próximos anos
O governo atual pretende investir R$ 335 bilhões no setor de petróleo e gás nos próximos anos (Crédito: Reprodução)

Milhares de pessoas iniciaram, no fim de semana, em Nova York, uma série de protestos para pedir o fim da utilização dos combustíveis fósseis.

A justificativa é que o emprego desse tipo de produto está acelerando as mudanças climáticas e provocando o aquecimento global.

A ideia dos organizadores das manifestações é aproveitar a presença de mais de 140 líderes mundiais na cidade para a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Cerca de 700 organizações participam dos atos. Elas querem que os governos declarem emergência climática e comecem a adotar medidas mais duras para proteger o planeta.

Os manifestantes só esquecem o custo de um processo de transição energética e quem deve pagar essa conta.

No Hemisfério Norte, por exemplo, o verão está chegando ao fim, e as temperaturas devem começar a cair nas próximas semanas.

Sem o uso de combustíveis fósseis, vai ser impossível acionar todo o aquecimento necessário para manter o conforto dos moradores que vivem na parte de cima do globo.

A adoção de medidas que reduzam a poluição da Terra é necessária, só que é preciso buscar equilíbrio antes de se tomar cada decisão.

O problema é que estudos baseados em modelos matemáticos causam uma preocupação cada vez maior com relação ao futuro da Humanidade.

A própria ONU tem participado dessa disseminação de informações catastróficas. Um relatório da entidade sobre o clima, divulgado na sexta-feira, 15, aponta que a humanidade deve atingir o pico das suas emissões de CO2 em 2025 e que é necessário agir urgentemente se o objetivo for realmente enfrentar a crise climática.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, marcou para quarta-feira, dia 20, durante a Assembleia Geral, uma Reunião de Cúpula de Ambição Climática, com a qual espera acelerar as ações de governos, empresas, autoridades locais e sociedade civil para reduzir esse problema.

Guterres tem sido um dos principais arautos das catástrofes climáticas. No ano passado, durante a COP 27 ele chegou a dizer: “Estamos na luta de nossas vidas. E estamos perdendo. As emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo. As temperaturas globais continuam subindo. E nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível.”

Nesse momento, é difícil saber quem vai pagar a conta de todas as medidas que estão sendo propostas.

Os países ricos, mais desenvolvidos, foram os que mais contribuíram para essa situação e os que menos mostram desejo de arcar com os valores necessários para resolver o problema.

Para o ministro das Minas e Energias do Brasil, Alexandre Silveira, “o custo da transição (energética) e da salvaguarda do planeta deve ser, neste momento, democratizado no mundo”.

Ele disse que não vê “verdadeira disposição dos países ricos e desenvolvidos em pagar a dívida com os mais penalizados ao longo da história”.

O ministro cobrou, ainda, que as nações desenvolvidas levem a sério a transição energética “e criem oportunidades” para os países em desenvolvimento.

Para Alexandre Silveira, é importante o investimento em biocombustíveis, uma bandeira que o Brasil há mais de cinco décadas, tenta emplacar no cenário mundial.

“Os biocombustíveis são para o Brasil como o petróleo para a Arábia Saudita e os países do Oriente Médio. Ou seja, são a nossa grande prioridade”, explicou o ministro.

Mesmo com essa prioridade, o Brasil não pretende, a curto prazo, abandonar o uso do petróleo de combustíveis fósseis.

O governo atual pretende investir R$ 335 bilhões no setor de petróleo e gás nos próximos anos.

O plano, anunciado por Lula, foi criticado por ambientalistas, líderes indígenas e por uma parcela da população que pode ser afetada com a exploração do óleo.

Alexandre Silveira defendeu a posição do Brasil com o argumento de que o país usa, em sua matriz energética, 88% de energias limpas e renováveis.

A Terra está aí há mais de 4 bilhões de anos. Já passou por desafios incríveis, que sequer temos a noção exata.

Os humanos, pelo que se tem registro, só começaram a surgir há pouco mais de 4 milhões de anos.

Não é possível que uma espécie seja capaz de esgotar os recursos naturais e destruir todo um planeta em um intervalo de tempo tão curto.

O que temos de ter em mente é que a Terra vai sobreviver aos nossos ataques constantes. Vai reagir e enviar sinais cada vez mais frequentes. Resta à humanidade interpretar e respeitar essas mensagens.

Só com a retomada do equilíbrio e da harmonia, conseguiremos nos manter vivos e salvos. O caminho para esse equilíbrio ainda está em construção e vai ser necessário muito empenho e financiamento para que esse projeto saia efetivamente do papel.