Proteja-se dos raios!

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O para-raios ajuda a criar um “caminho” que é percorrido pela carga elétrica da nuvem até o chão. Crédito da foto: Divulgação

Crédito da foto: Divulgação / Reprodução da Internet

Estamos no verão, estação propícia aos raios, pela quantidade de nuvens; além disso, o fenômeno climático El Niño deve impulsionar ainda mais o aparecimento das descargas elétricas no País - em Sorocaba, conforme informações do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 21 de dezembro passado e 28 de janeiro foram registrados 865 raios e, entre 21 de dezembro de 2017 até 20 de março passado, aconteceram 460 descargas, crescimento exponencial. Proteger residências e equipamentos eletroeletrônicos contra essas ocorrências não é difícil - e é essencial.

De acordo com a ELAT, que é referência mundial nas pesquisas sobre o fenômeno, raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam o solo e as nuvens de tempestade. A corrente elétrica típica de um raio mede em torno de 30 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro, e a descarga pode percorrer distâncias de até 5 km.

O para-raios ajuda a criar um “caminho” que é percorrido pela carga elétrica da nuvem até o chão. Crédito da foto: Divulgação

Um estudo desenvolvido pelo órgão e divulgado em seu site (www.inpe.br/elat/, onde há uma cartilha com mais informações sobre o assunto) em dezembro passado, aponta que, neste verão, a incidência de raios sofrerá os efeitos do El Niño aumentando a frequência em cerca de 50% na região Sul e de 20% a 30% na região Sudeste. Para uma parte do Centro-Oeste, a estimativa de aumento também é de 20% a 30%, como no caso do Mato Grosso do Sul, onde duas mortes já foram registradas nesta primavera. No Mato Grosso e Goiás, a quantidade de raios poderá aumentar 10%. Por outro lado, no Norte e Nordeste deve haver uma queda de 50%.

Além de provocar a morte de cerca de 100 pessoas por ano, a queda de raios também pode pesar no bolso do consumidor, ao danificar aparelhos eletroeletrônicos e a rede elétrica. Segundo estimativa do INPE, divulgada em 2013, essas ocorrências poderiam ser responsáveis por causar prejuízos de aproximadamente R$ 1 bilhão à economia brasileira.

São aparelhos como tvs, home theaters, computadores, impressoras, modens, roteadores, entre outros, que, caso não estejam protegidos por dispositivos apropriados, podem ser “torrados” por um raio que atinja a rede elétrica. “Os investimentos em produtos de proteção de energia de maneira geral não chegam a 5% do valor dos prejuízos causados por raios ou surtos de tensão em residências ou comércios”, esclarece o engenheiro elétrico e CEO da TS Shara, empresa nacional, fabricante de nobreaks e estabilizadores de tensão, Pedro Al Shara.

Nobreaks são equipamentos que impedem que a corrente elétrica elevada chegue ao computador, por exemplo. Crédito da foto: Divulgação

A proteção à sua residência e aos equipamentos elétricos acontece de maneiras diversas. Para a casa ou apto., a instalação de para-raios é muito importante; para os aparelhos, há tecnologia específica.

Aparelhos sensíveis

No caso de descargas elétricas por raios, é recomendável instalar dispositivos de proteção contra surtos de tensão (DPS). Os para-raios protegem apenas a construção. Para garantir a segurança de equipamentos eletrônicos, é preciso instalar supressores de surto de tensão. Eles evitam que as descargas elétricas atinjam e queimem os aparelhos.Também existem DPSs que podem ser instalados diretamente na tomada usada por equipamentos sensíveis, como computadores. Além deles, há os nobreaks, equipamentos que protegem contra a elevação de tensão e têm bateria própria que mantém o computador ligado por algum tempo.

Aparelhos que protegem contra picos de tensão aumentam a segurança dentro de casa. Crédito da foto: Divulgação / Reprodução da Internet. Crédito da foto: Divulgação

Os protetores antirraios protegem de maneira eficiente qualquer aparelho eletrônico ou de informática a ele ligado, contra descargas atmosféricas (raios), picos de tensão, sobrecarga e curtos-circuitos. O equipamento também tem a função de proteger os pontos de energia (tomadas) contra sobrecargas de equipamentos.

Descargas elétricas naturais também percorrem a rede de telefonia fixa. Por isso é válido desconectar o modem da linha telefônica durante as quedas de raios pois, como a mesma não possui qualquer proteção contra raios, tanto seu telefone fixo quanto seu modem podem ficar vulneráveis.

Os tipos de para-raios

O para-raios mais comum, conhecido por todos nós, é uma ferramenta que consiste em uma haste de metal pontiaguda que se conecta a cabos de cobre ou de alumínio, de pequena resistência à passagem da eletricidade devidamente conectados ao solo. Sua função é atrair os raios e enviá-los por meio dos cabos até o solo, onde são dissipados sem causar nenhum dano às construções. Ou seja, embora o nome seja para-raios, a função dele na verdade não é fazer com que os raios não aconteçam (não temos nenhum mecanismo ou aparelho que faça isso!). Sua finalidade é dar um caminho seguro para as grandes descargas elétricas, tão comuns em tempestades.

Existem diferentes tipos de para-raios. Os mais utilizados no Brasil são o de Franklin e de Melsens, também conhecido como Gaiola de Faraday. Além deles há o modelo radioativo, que tem seu uso proibido devido à radioatividade que emite.

Para-raios de Franklin, o mais usado no Brasil. Crédito da foto: Divulgação

Para-raios de Franklin - É o modelo mais utilizado, composto por uma haste metálica com várias pontas, um cabo de condução que vai até o solo, conectado a uma haste de cobre cravada no chão. O cabo condutor, que vai da antena ao solo, deve ser isolado para não entrar em contato com as paredes da edificação. As chances de o raio ser atraído por esse tipo de equipamento são de 90%.

Para-raios de Melsen, que usa a com a gaiola de Faraday, uma rede de cabos e hastes que envolve o edifício. Crédito da foto: Divulgação

Para-raios de Melsens - Com a mesma finalidade do para-raios de Franklin, o para-raios de Melsens adota o princípio da gaiola de Faraday. O edifício é envolvido por uma armadura metálica, daí o nome gaiola. No telhado, é instalada uma malha de fios metálicos com hastes de cerca de 50 cm. Elas são as receptoras das descargas elétricas e devem ser conectadas a cada oito metros. A malha é divida em módulos, que devem ter dimensão máxima de 10 x 15m. Sua conexão com o solo, onde a energia dos raios é dissipada pelas hastes de aterramento, é feita por um cabo de descida. Esse cabo pode ser projetado usando a própria estrutura do edifício. As ferragens de suas colunas podem estar conectadas à malha do telhado e funcionar como ligação com o solo. Mas, para isso, é necessário um projeto adequado feito por engenheiros.

O aterramento é essencial; sem ele a energia do raio não se dissipa no solo. Crédito da foto: Divulgação

Radioativos - Os para-raios radioativos podem ser distinguidos dos outros pelo formato de seus captadores, uma série de discos sobrepostos, em vez de hastes pontiagudas. O material radioativo mais utilizado para sua fabricação é o radioisótopo Américo-241. Esses para-raios tiveram sua fabricação autorizada no Brasil entre 1970 e 1989. Nessa época, acreditava-se que os captadores radioativos eram mais eficientes do que os outros modelos. Porém, estudos feitos no país e no exterior mostraram que os para-raios radioativos não tinham desempenho superior ao dos para-raios convencionais, o que não justificaria o uso de fontes radioativas para esta função. Sendo assim, em 1989, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio da Resolução Nº 4/89 suspendeu a produção e instalação desse modelo de captador.