Especialista alerta sobre a importância de adestrar cães

Processo deve ser realizado por um profissional

Por Vanessa Ferranti

Comportamento do animal também é influenciado por sua história de vida

Notícias sobre ataques de pitbulls contra pessoas e até mesmo outros animais não são difíceis de encontrar. Um caso parecido com o ocorrido no último domingo (27) em Votorantim foi registrado na Cidade Ocidental, em Goiás. A vítima de 31 anos morreu na semana passada após ser atacada pelo próprio animal em 13 de abril.

Também neste mês, um bebê morreu em Pernambuco, vítima de ataque. Já em outubro de 2024, o Cruzeiro do Sul divulgou que três cães morreram devido a ferimentos provocados por pitbulls. As ocorrências foram registradas no Jardim Iguatemi.

Bruno Valle, adestrador e comportamentalista canino, explica que os cães não mordem por acaso. Segundo ele, embora possa haver uma predisposição genética, o comportamento do animal também é influenciado por sua história de vida e pelo ambiente em que está inserido, fatores que podem tanto potencializar quanto controlar atitudes mais agressivas, dependendo da maneira como as pessoas se relacionam com o cão.

“Quer um exemplo clássico? Se o seu cachorro faz o que quer dentro de casa, acessa todos os lugares sem controle e não entende limites, ele vai replicar esse comportamento na rua. Aí, durante o passeio, ele puxa, late, avança... Você tenta corrigir na hora, mas sem sucesso. Por quê? Porque falta o tripé fundamental: rotina, limites e disciplina”, explica Valle.

Ainda de acordo com o especialista, outro aspecto importante que deve ser evitado é a tendência de atribuir características humanas aos cães.

“Embora o afeto seja importante, alerto que tratá-los como ‘filhos humanos’ desconsidera suas necessidades naturais e pode agravar problemas comportamentais, além de colocar em risco a segurança do animal e da família”. Ainda assim, fatores neurológicos não podem ser descartados em casos pontuais. “A verdade é: um cão nunca morde ‘do nada‘. Sempre há sinais e a gente é que precisa aprender a enxergar!”.

Sinais de alerta

Segundo o especialista, a maioria dos incidentes é precedida por sinais claros de desconforto e estresse que, se não reconhecidos, podem levar a acidentes graves. Por isso, é importante ficar atento ao comportamento do cão.

Bruno explica que, antes que o ataque aconteça, o corpo do animal fica rígido, com o olhar fixo ou desviado. Além disso, ele mantém a boca fechada e a posição de orelhas, patas e rabo alterada. Em caso de um ataque, por mais que seja difícil, o ideal é manter a calma, não correr, proteger as partes vitais do corpo e se refugiar em um local onde o cão não consegue alcançar. No entanto, o ideal é a prevenção.

“Em um confronto físico com um cão de porte médio/grande, somos naturalmente mais frágeis. Por isso, a melhor estratégia é a prevenção: não humanize e romantize as situações e adestrem seus cães, estabeleçam limites e tenham controles sobre as situações”.

É importante ressaltar que o adestramento não é a “robotização” do cão. Por isso, o processo deve ser realizado por um profissional da área.

“O adestramento promove mais qualidade de vida, com passeios mais seguros, momentos de diversão e muito mais harmônia em casa. Adestramento é sobre bem-estar, animal e humano. É liberdade com responsabilidade, e um caminho para construir uma relação ainda mais forte e feliz com seu melhor amigo”, finalizou Bruno Valle.