#TBT: Romaria de Aparecidinha

Por Manuel Garcia

A igreja de Aparecidinha em 1975. Crédito da foto: Projeto Memória / Jornal Cruzeiro do Sul

Em 1998, a imagem é carregada até o interior da igreja. Crédito da foto: Projeto Memória / Jornal Cruzeiro do Sul

Na segunda metade do século 18, em plena precariedade da vida tropeira, existia no arraial de Pirajibu do Meio, perdido na imensidão do caminho que levava as tropas de mulas comercializadas nas Feiras de Sorocaba até seus locais de trabalho em São Paulo, no Rio de Janeiro e nas então vilas mineiras do ciclo do ouro, uma árvore onde uma pequena imagem em barro de Nossa Senhora Aparecida foi colocada pelos tropeiros, para assim pedirem proteção em suas viagens. Em 1782, porém, algo se tornou mais referencial que o ribeirão: o português Antônio José da Silva, que se mudou de Lorena (MG) para lá, encomendou a construção de uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. No mesmo altar onde permanece há 237 anos, ele depositou uma pequena imagem da santa em madeira, com apenas 13 centímetros, a Aparecidinha.

[irp posts="138098" ]

 

Nesse local, no bairro Aparecidinha, está o Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que recebe anualmente mais de 50 mil romeiros nas procissões realizadas em duas datas distintas: 1º de janeiro e no segundo domingo de julho. No dia primeiro do ano, a imagem, carregada por fiéis num andor, é levada do Santuário à Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte, a 14 quilômetros, no Centro de Sorocaba. Já em julho, a romaria faz o caminho inverso, numa prática que se repete há pelo menos dois séculos e, a cada ano, ganha mais seguidores.

A primeira menção em jornais da romaria foi em 1852, quando “O defensor” cita que esta era tradicional e “acostumada”. Já outros dados afirmam que ela existe desde 1804. É certo que a devoção popular da romaria já era frequente desde o século 19. A história da romaria afirma que havia o costume de transportar a santa até a cidade em momentos difíceis, como epidemias, seca, enchentes etc. Em 1897 aconteceu o primeiro grande surto de febre amarela em todo o País -- e que afetou também Sorocaba. Monsenhor João Soares lutou bravamente para ajudar no combate à doença. O povo devoto fazia seus pedidos e acreditava que a procura por Nossa Senhora Aparecida traria a cura da doença -- com isso criou-se o costume de transportar a santa até a cidade para abençoar o povo.

Com o relato de muitas curas e milagres, esse costume de transportá-la sempre em momentos difíceis tornou-se frequente. No final de 1899 aconteceu o segundo grande surto de febre amarela e, novamente, o Monsenhor João Soares lutou contra a doença e abriu uma unidade de isolamento no ginásio diocesano para ajudar os enfermos. Foi neste ano que ele, então pároco da Matriz Nossa Senhora da Ponte (Catedral Metropolitana), fixou as datas da romaria para todo 1º dia do ano, quando ele levaria a santa de Aparecidinha para Catedral, e no segundo domingo de julho, quando a imagem seria devolvida a Aparecidinha. Ele queria que a santa levasse as bênçãos de Jesus para o povo de Sorocaba.

Há relatos, ainda, que durante uma época de grande seca em Sorocaba a santa foi levada até a Catedral e, por sua intercessão, as chuvas começaram a cair sobre a cidade, trazendo água para todo povo sorocabano. Em 1900, Monsenhor João Soares acabou falecendo, mas seu legado é essa maravilhosa tradição sorocabana, um dos maiores eventos religiosos do município, que atrai, em janeiro e julho, milhares de devotos da pequena imagem da mãe Aparecida.

Tbt é uma gíria popular que significa Throwback Thursday e pode ser traduzida do inglês como “quinta-feira do retorno” ou “quinta-feira do regresso”. A gíria, simbolizada por #tbt, é utilizada pelos usuários de redes sociais como hashtag para marcar fotos que se refiram ao passado deixando saudades.

[gallery columns="1" size="medium" ids="140406,140407,140408,140409,140410,140411,140412"]