Entrevista: Ítalo Carmo, talento sorocabano

Por Manuel Garcia

A pet Tandera, que conviveu 18 anos com o artista e foi inspiração para a nova música. Crédito da foto: Guilherme Fogaça / Divulgação

Carmo acaba de lançar seu novo single, “Meu Amor”, que ganhou também um belo videoclipe. Crédito da foto: Guilherme Fogaça / Divulgação

Nascido e criado na Vila Fiori, o sorocabano Ítalo Carmo é, aos 26 anos, a nova revelação do cenário musical, com uma voz forte que lembra a do cantor Tim Maia. Carmo acaba de lançar seu terceiro single, “Meu Amor”, letra que foi composta após o artista perder sua pet de estimação. O cantor e compositor começou seus estudos musicais cursando Canto Popular no Conservatório Musical Rogério Koury, onde se formou em 2018. Carmo apresenta em “Meu Amor” um trabalho de excelente qualidade, tanto musical quanto audiovisual, com seu clipe todo feito e produzido em Sorocaba. O artista está trabalhando na produção de estreia de seu primeiro EP, “Quarto Infinito”, que será lançado na primeira quinzena de maio.

Qual seu local de nascimento? Como foi sua infância?

Nasci na Vila Fiori, Zona Norte de Sorocaba. Minha infância foi muito gostosa, brincando na rua e lendo. Eu era apaixonado por uma versão ilustrada de “Sonho de uma Noite de Verão”, do Shakespeare. Logo que aprendi a ler, pegava esse livro quase toda semana na biblioteca da escola pública onde estudava. Sempre gostei muito de ler e inventar um mundo de possibilidades para as coisas.

Quando começou a se interessar por músicas?

Desde pequeno minha mãe sempre gostou muito de rádio, então minha casa tem música tocando por todo canto. O meu pai sempre teve muitos vinis também, o que me possibilitou conhecer muitas das influências que tenho até hoje. Os vinis do meu pai, que sempre ouvíamos, eram do Jorge Ben, Chic, Michael Jackson, Sandra de Sá e Nat King Cole, que foi a primeira música que apresentei no Conservatório.

Quais seus artistas preferidos, suas referências e por que?

Jorge Ben Jor, Tássia Reis, Elis Regina, Michael Jackson, Lady Gaga, The Weeknd, Chic, Daft Punk e por aí vai. Eu gosto muito dos que se expressam misturando estilos, formas e jeitos ao cantar e compor. As minhas pesquisas sempre vão do clássico/erudito, passando pelo pop, com uma pincelada do eletrônico. Sou curioso com sons antigos e novos.

Você se formou em Canto Popular no Conservatório Musical Rogério Koury e fez um curso de Música & Negócios na PUC-Rio. Qual a importância dessas especializações para você?

No conservatório aprendi tudo que sei sobre música e também realizei o sonho de aprender a cantar. Foi incrível tudo que me foi ensinado. E importantíssimo para que eu pudesse migrar para Música & Negócios, onde aprendi mais sobre gerenciamento de carreira, mercado, marketing e tudo o que engloba o que faço hoje, não só musicalmente.

Você lançou nesta semana o single “Meu Amor”. Como foi o processo de criação dessa música?

Eu já tinha a letra dessa música meio estruturada, era um poema para Tandera, a cachorrinha que eu havia perdido. Depois de quase dois anos, e já em quarentena, comecei a observar o período de saudades que todos estamos vivendo e terminei de escrevê-la. Fiz os beats e instrumentais, mandei tudo para o Lucas Zamur, meu produtor, e iniciamos o processo de gravação e produção do som.

Seu videoclipe foi muito bem produzido. Conte um pouco sobre como foi gravar um clipe em meio à pandemia.

Incrível e muito diferente, ao mesmo tempo, por conta de todas as limitações e cuidados sanitários em decorrência da pandemia. O processo de criação e alguns de execução foram feitos todos em reuniões remotas com um time maravilhoso de profissionais da cultura. Alguns, inclusive, que ainda não conheço pessoalmente por conta do isolamento (rs). Foi, na verdade, um processo de criação e entrega coletiva, onde esses criativos brilharam muito e me ajudaram a construir o lindo clipe que lançamos para “Meu Amor”.

Como é o uso das mídias digitais como Instagram, Facebook e TikTok para difundir sua arte?

É essencial e bem divertido. São espaços que, principalmente durante a quarentena, servem pra nos ajudar a dar um refresco em alguns dias ruins. Durante o período de isolamento, gravei um vídeo de humor falando sobre café, que me rendeu 275 mil visualizações em poucos dias. E foi bom demais me aproximar das pessoas levando um pouco de diversão e me divertindo também. A partir disso, converso muito com meus seguidores, pois também sou speaker no ClubHouse, uma rede social onde é possível abrir salas de conversação que falamos muito sobre cultura, programas de TV, música, negócios, mercado e todos os assuntos possíveis que possam aparecer. Para o lançamento de “Meu Amor”, eu e minha equipe fizemos uma ação no Twitter onde convidávamos as pessoas a mandarem uma foto da sua saudade, o que foi muito emocionante. Formamos uma linda corrente. As redes serviram também como uma espécie de laboratório para a “Meu Amor”, pois fiquei observando muito nas redes esse sentimento da saudade do que não volta ou desse tal “antigo normal”.

No próximo mês está para ser lançado seu EP “Quarto Infinito”. O que o público vai encontrar neste álbum?

Eu e Lucas Zamur estamos no processo desse álbum há mais ou menos um ano. “Quarto infinito” é sobre ser artista, sobre todas as nossas criações. As melhores ideias nascem sempre dentro do nosso quarto e depois ganham o mundo. É uma celebração à vida e a saudade de dançar, costurando a felicidade entre os dias ruins.

Esta nova criação sua foi possível graças ao Edital Emergencial da Lei Aldir Blanc. Qual a importância de leis de incentivo à cultura, como esta, para um artista?

Leis de incentivo são essenciais para continuarmos produzindo arte e valorizarmos a cadeia produtiva cultural que está por trás de tudo que gostamos, como arte e entretenimento. Durante a pandemia, o mercado cultural foi um dos mais afetados diretamente, fazendo com que muitos artistas perdessem seus empregos e rendas do dia para a noite. A importância de uma Lei Aldir Blanc neste momento é crucial para que artistas sobrevivam, devidamente remunerados e com projetos incríveis saindo do papel.

Como tem sido a pandemia para você?

De altos e baixos, acredito que como para todo mundo. Todo o meu trabalho passou a ser on-line, pois também sou professor de canto. Estou em quarentena desde o ano passado, então, tem dias que acordo animado querendo fazer mil coisas e outros que nem tanto. O que me salva muito é a música, fazer exercícios e as redes sociais, onde tenho uma troca muito legal com meus seguidores.

E o futuro pós-pandemia, o que vai fazer quando estiver imunizado?

Quero fazer vários shows para mostrar ao mundo as incríveis músicas que estamos lançando, abraçar muito meus amigos e minha equipe e celebrar a vida. A palavra pós-tudo isso é “celebração”.

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