Pesquisas em Saúde devem estar focadas em toda a cadeia, do desenvolvimento à aplicação de soluções
Quando há um problema de saúde pública premente, como a recente crise mundial do coronavírus em 2019—2020, por exemplo, costuma surgir uma urgência por parte da sociedade em relação ao desenvolvimento de soluções (neste caso específico, vacinas ou tratamentos bem-sucedidos). As pessoas, naturalmente, esperam por resultados que sejam não somente efetivos, mas imediatos, ou ao menos que cheguem ao consumidor final tão rapidamente quanto possível.
Conforme explica a professora doutora Cristiane de Cássia Bergamaschi Motta, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da Universidade de Sorocaba (Uniso), existe um processo de transferência do conhecimento produzido pela pesquisa básica para a pesquisa clínica que depende de um tempo de amadurecimento, inclusive para que seja possível garantir a segurança do usuário. “A pesquisa básica desenvolve os novos produtos, com base num corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos racionalmente, e a pesquisa clínica atua no sentido de avaliar o quanto esses produtos ou essas novas tecnologias são efetivos e benéficos para a população. Não basta colocar o produto no mercado, é necessário saber o quanto ele de fato é benéfico, se é seguro e também se é viável financeiramente.”
Todas essas etapas, da ciência básica desenvolvida em laboratório à avaliação da efetividade e da segurança de tecnologias em saúde para uso humano, bem como as formas de apresentação de uma solução no mercado — para que você possa finalmente encontrá-la na forma de um produto na prateleira de uma farmácia ou da unidade de saúde mais próxima — são preocupações da Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Uniso.
“As nossas pesquisas envolvem desde o desenvolvimento de novos produtos à avaliação de tecnologias em saúde, com foco na inovação tecnológica”, resume Motta. “Dentre as inúmeras ações, pode-se destacar a parceria com a iniciativa privada no desenvolvimento de produtos com potencial de gerar patentes — foram sete nos últimos dois anos — e o desenvolvimento de pesquisas que têm como objetivo não apenas resolver grandes questões globais, mas também problemas locais e regionais, com soluções que eventualmente possam ser aplicadas em outros contextos.”
Nem todas essas soluções vêm necessariamente da prática em laboratório e de pesquisas com pessoas; o programa foi responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento de um software para o acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes que recebem medicamentos por via judicial (a reportagem pode ser conferida na edição de número 2 da revista Uniso Ciência/Science @ Uniso, de dezembro/2018; além dessa, há uma ampla coleção de reportagens sobre pesquisas do PPGCF, em todas as edições). Em parceria com o Ministério da Saúde, o Programa de Pós-Graduação desenvolveu, também, material de apoio para a criação de políticas públicas voltadas à desinstitucionalização e ao atendimento de pacientes que sofrem de alguma doença ou transtorno mental no Brasil. E esses são apenas alguns exemplos.
Hoje, depois de mais de 12 anos de existência, o PPGCF já acumula 135 pesquisas defendidas, entre dissertações de mestrado e teses de doutorado, em duas linhas de pesquisa, além de outros 46 estudos em andamento, contribuindo para a criação de produtos e tecnologias alternativas, com o potencial de melhorar a saúde de toda a sociedade.
Para saber mais:
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF)
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Uniso existe desde 2008, quando começou a ser oferecido o curso de mestrado. O doutorado veio oito anos depois, em 2016, consolidando a Uniso como um centro de referência em educação na área das Ciências Farmacêuticas na Região Metropolitana de Sorocaba.
O PPGCF tem suas pesquisas focadas na relação entre medicamentos e a saúde, dividindo-se em duas linhas de pesquisa: “Avaliação de Substâncias Bioativas e Sistemas de Liberação de Fármacos”, que basicamente compreende o desenvolvimento e a validação de novos medicamentos, e “Uso Racional de Medicamentos”, que estuda a forma como as pessoas fazem uso dos medicamentos, incluindo estudos sobre prescrição e acesso à informação, além da avaliação e da seleção de tecnologias, políticas públicas, programas e serviços em saúde. Essas pesquisas acontecem em sete laboratórios diferentes.
Por sua característica multidisciplinar, o Programa costuma receber, além de farmacêuticos, um grupo eclético de ingressantes oriundos das mais diversas áreas: enfermeiros, dentistas, médicos (incluindo os veterinários), psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, químicos, físicos e engenheiros, entre outros profissionais.
Processo Seletivo – As inscrições estão abertas para alunos regulares e especiais, até 31 de julho. Acesse o site do Programa para mais informações: http://farmacia.uniso.br/.
Texto: Guilherme Profeta