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Pesquisa propõe gestão informatizada das demandas judiciais na saúde

05 de Setembro de 2018 às 11:00

Mariana Donato Pereira, uma das pesquisadoras da Uniso que supervisionou o desenvolvimento do software Jud Sys. Foto: Victor Kumamoto

Por:  Guilherme Profeta

Quando se fala em pesquisa na área da saúde, é difícil escapar do imaginário do jaleco branco e dos tubos de ensaio. Raramente se pensa na gestão. Contudo, quando rapidez e eficiência podem significar a diferença entre a vida e a morte, a gestão é um aspecto que não pode ou não deveria ser negligenciado.

“Uma gestão eficiente é imprescindível para garantir atendimento de qualidade aos pacientes, com o máximo acesso aos produtos e serviços de que eles necessitam. A introdução de novas tecnologias pode auxiliar nesse processo, permitindo um melhor acompanhamento de dados importantes e facilitando a tomada de decisões dos gestores do sistema de saúde”, diz Mariana Donato Pereira, que supervisionou entre 2013 e 2014 o desenvolvimento de um sistema informatizado de gestão em saúde, o Jud Sys, como parte do seu Mestrado em Ciências Farmacêuticas na Uniso.

O Jud Sys tem o objetivo de lidar com as demandas judiciais da saúde nos municípios, uma necessidade justificada pelo aumento das ações solicitando medicamentos, terapias e procedimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a pesquisadora, funcionalidades específicas, como as que permitem emitir instantaneamente relatórios para o monitoramento das demandas judiciais, não estão disponíveis na maioria dos municípios. Ela acredita que, se implementadas, formas alternativas de gestão como o Jud Sys poderiam aprimorar as rotinas de acompanhamento.

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Depois de um teste piloto, com a participação das Secretarias Municipais de Saúde de quatro municípios da região, o software — que é de domínio público — está pronto para ser usado. Inclusive, o projeto já prosseguiu às fases seguintes, sendo atualizado para uma nova versão, como enfatiza o professor doutor Silvio Barberato Filho, orientador do estudo: “Depois de 2014, outras duas dissertações da Uniso continuaram trabalhando no sistema, incluindo o acréscimo de um menu de acompanhamento terapêutico, para garantir o registro e o acesso a informações sobre os benefícios e os riscos do uso de medicamentos fornecidos por determinação judicial. A mestranda Vivian F. Lima começou a trabalhar nessa questão em 2015 e, a partir de 2016, a também mestranda Lívia L. Marengo assumiu o desenvolvimento do novo módulo.”

“O que talvez ainda falte”, continua Pereira, “é a sensibilização dos gestores quanto à necessidade de sistemas informatizados. Isso depende da articulação dos municípios interessados junto à Secretaria Estadual de Saúde e também da definição de instituições que assumam o gerenciamento do sistema.” Do ponto de vista técnico, basta a instalação do software, mas as reais dificuldades, conforme ela elenca, são de outra ordem: passam por questões como comunicação e infraestrutura insuficientes. Entre os parceiros e apoiadores do projeto estão o Departamento Regional de Saúde e a Prefeitura Municipal de Sorocaba, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) e o Ministério da Saúde (MS).

Texto elaborado com base na dissertação “Desenvolvimento de sistema informatizado para gestão de demandas judiciais na saúde”, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba (Uniso), com orientação do professor doutor Silvio Barberato Filho e aprovada em 25 de junho de 2014. Esta dissertação faz parte de uma pesquisa mais ampla, intitulada “Judicialização das Políticas Públicas da Saúde: construção de um modelo de gestão das demandas judiciais envolvendo medicamentos”, desenvolvida na Uniso desde 2009.

Acesse a pesquisa aqui.