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NASA se interessa por ‘diamante metálico’

23 de Setembro de 2019 às 15:00

Uniso Ciência Professor da Uniso, Thomaz Restivo, teve trabalho selecionado. Foto: Divulgação

O professor Thomaz Augusto Guisard Restivo, do Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais e de quatro cursos de Engenharia da Universidade de Sorocaba (Uniso), conquistou um lugar entre os 25 semifinalistas de uma competição desenvolvida pela NASA, a agência aeroespacial dos EUA. O projeto desenvolvido por ele apresentou a liga metálica mais dura do mundo, por isso recebeu o nome de diamante metálico. Foi a única ideia de um país em desenvolvimento selecionada pela agência.

A competição de ideias, chamada de NASA iTech, é desenvolvida todos os anos, recebendo projetos de inovação do mundo todo. O professor Thomaz Restivo participou do segundo ciclo de 2019, que teve em sua maioria pesquisadores norte-americanos, mas também participantes da Espanha, Alemanha e Austrália.

O professor Thomaz Restivo conta que a liga metálica foi desenvolvida por ele, com a participação de dois alunos de Iniciação Científica, Wellington Rafael Padilha e Fábio Henrique Miranda da Silva, e um do Mestrado, Rafael Fonseca Beccari. A ideia de iniciar esse trabalho surgiu a partir de um questionamento do filho do professor, o estudante de Engenharia Mecânica da Uniso, Gustavo Marques Guisard Restivo, sobre o que aconteceria se todos ou muitos elementos da tabela periódica fossem combinados em uma liga metálica.

Depois de um ano de muito trabalho, a liga metálica pôde ser considerada a mais dura que existe no mundo, sendo composta de 6 a 10 elementos. Ela é mais dura, inclusive, que as chamadas cerâmicas técnicas, e não à toa, foi chamada de diamante metálico, já que o famoso cristal é o mais duro material de ocorrência natural que se conhece. Essa nova liga também se comporta como um diamante, podendo ter aplicação futura em ferramentas de corte, matrizes, moldes ou mesmo peças para turbinas de avião, entre tantas outras finalidades. Quando a NASA se interessa por um material desse, diz o professor, é porque visualiza aplicações no futuro na área em que atua.

Boas perspectivas

Para o professor Thomaz Restivo, ter sido selecionado pela NASA é importante e traz boas perspectivas. “Na atualidade, devido à ampla divulgação em tempo real das pesquisas científicas e tecnológicas em âmbito mundial, torna-se imprescindível a divulgação internacional e a participação junto a instituições de renome. Estabelecer parcerias e colaborações com institutos e empresas de ponta é fundamental, e nesse sentido a NASA ocupa posição de destaque”, afirmou.

O professor também salientou que mecanismos de financiamento de pesquisas e desenvolvimento baseados em conceitos de inovação e “crowdsourcing” são cada vez mais presentes, representando importantes alternativas em relação ao financiamento estatal da pesquisa. “Assim, o reconhecimento da pesquisa aplicada ‘Diamante Metálico’ por parte da NASA, classificada entre aquelas da mais alta qualidade e ineditismo em nível mundial, é bastante relevante e trará benefícios a curto prazo”, afirmou Thomaz Restivo.

O professor acredita que “a busca incessante de oportunidades na rede e agências de fomento nacionais e internacionais é o caminho para aqueles que procuram desenvolver suas pesquisas e invenções através de grandes projetos de P&D”. Segundo ele, existem muitas oportunidades abertas, de amplo acesso, promovidas por países desenvolvidos e empresas de porte, onde o que importa é apenas a qualidade técnico-científica, o caráter inovador e a viabilidade econômica.

A concepção de todo o projeto do diamante metálico teve a Uniso como ambiente acadêmico. Já a fusão do material foi feita nos laboratórios do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). “Vale notar que as pesquisas disruptivas, geradoras de produtos inéditos, são, em sua maioria, baseadas nos aspectos mais fundamentais da teoria na qual se inserem. Neste ponto, a Universidade tem um papel de formação fundamental.”

Texto: Armando Rucci Filho