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Estudo avalia ensino de Ciências e pesquisadora cria caixa com propostas de atividades

30 de Outubro de 2017 às 14:49

A caixa de experimentos desenvolvida pela bióloga Aurea na pesquisa de Mestrado - Marcel Stefano

Uma das certezas que os anos de docência em Ciências deram à bióloga Aurea do Nascimento Alves é que o ensino dessa área do conhecimento seria muito melhor se os alunos pudessem interagir com atividades práticas que explicassem ou demonstrassem conceitos científicos que nem sempre são fáceis de aprender, principalmente no atual modelo de ensino-aprendizagem praticado pela maioria das escolas brasileiras. Foi para avaliar essas diferentes possibilidades no ensino de Ciências nas várias etapas do Ensino Fundamental, que Aurea pesquisou o assunto durante seu mestrado, dentro do Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais da Universidade de Sorocaba (Uniso). Com orientação da professora doutora Renata de Lima, a dissertação "Avaliação de Experimentos Práticos para o Ensino de Ciências no Ensino Fundamental e Montagem de Caixa de Proposta de Atividades" foi defendida por Aurea e aprovada no dia 17 de março deste ano. Na fase da pesquisa bibliográfica, a pesquisadora selecionou diversos experimentos que pudessem ser executados pelos professores em sala de aula. Ela testou cada um deles. Além disso, desenhou e construiu uma caixa de experimentos que pudesse abrigar os materiais necessários para tais experimentos.

Para o 2º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, a pesquisa propõe 30 experimentos de fácil aplicação. Para o 3º ano, foram selecionados 18 experimentos. No 4º ano, foram sugeridas mais dez atividades e, finalizando, outros cinco experimentos para compor a caixa de práticas do 5º ano. Um desses experimentos apresentados na dissertação, por exemplo, é o "Boneco de Alpiste". Montado com uma meia fina, serragem, sementes de alpiste, cola, tesoura e enfeites, o boneco é feito com uma meia, cheia de serragem, e com sementes de alpiste plantadas na parte superior. Com adição de água na serragem já plantada e com o tempo, o alpiste germina, a folhagem cresce e, com isso, o boneco vai ficando mais cabeludo. Experimento muito conhecido pelos professores.

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CAIXA DE EXPERIMENTOS

Outro resultado da pesquisa desenvolvida pela professora de Biologia em seu mestrado em Processos Tecnológicos e Ambientais foi a elaboração e montagem de uma caixa de experimentos, que tem como objetivo auxiliar o professor na realização de atividades práticas em sala de aula. Os desenhos de como montar a caixa, bem como quais materiais são necessários para tal, podem ser consultados na dissertação.

Com 75 centímetros de altura, 45 de largura e 35 de profundidade, a caixa abriga itens que variam de acordo com o nível de ensino. São, por exemplo, 69 itens na caixa a ser usada no 2º ano do Ensino Fundamental, 59 para o 3º ano e 47 itens que podem ser utilizados nas experiências do 4º e 5º ano do Fundamental. Dentre os itens, estão massa de modelar, vinagre, folhas de revista, giz de cera, canudinhos que dobram, areia fina, terra preta, e uma infinidade de produtos que, segundo Aurea, podem ser comprados em supermercado, papelaria ou, no máximo, em uma farmácia.

Resumidamente, ela diz que "a caixa foi composta por experimentos que pudessem utilizar materiais de fácil acesso" e alguns poucos instrumentos específicos e produtos típicos de laboratórios de Química. "Cada caixa com proposta de práticas vem acompanhada de um suplemento pedagógico contendo um guia para a realização dos experimentos disponíveis neste material, além de conter sugestões de experimentos que podem ser utilizadas para aprofundar o conteúdo", explica a pesquisadora.

Após a escolha, montagem e testes dos experimentos e atividades lúdicas, Aurea também organizou um manual, contendo todas as orientações necessárias para a realização dos experimentos escolhidos e sua forma de aplicação nas aulas práticas de Ciências.

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TESTE NA PRÁTICA

Para verificar a aceitação das crianças, os experimentos foram montados no Laboratório de Ciências do Colégio Dom Aguirre e no Laboratório de Biotecnologia da Uniso, bem como apresentados em oficinas práticas na feira de Ciências da Universidade de Sorocaba ¿ Ciência para Miúdos.

Em sua dissertação, Aurea discute se apenas o uso do livro didático em sala de aula atenderia suficientemente o processo de ensino-aprendizagem, diante das diversas metodologias que podem ser desenvolvidas, facilitando a aquisição dos conceitos científicos. Outra questão abordada é se o professor está preparado para apresentar e esclarecer sobre os experimentos científicos em sala de aula.

Aurea lembra que "o estímulo ao ensino de Ciências para crianças nas séries iniciais já é uma política nacional na França, através do projeto "La Main à la Pâte"." E que, no Brasil, experiências semelhantes acontecem nas cidades de São Paulo, São Carlos e Rio de Janeiro, por meio do projeto ABC na Educação Científica - Mão na Massa.

"No Brasil, a realização de atividades práticas nas aulas de Ciências representa um grande desafio para muitos professores que tentam diversificar a sua prática pedagógica, seja pela falta de um local específico ou pela dificuldade em preparar os materiais necessários", diz.

Com base na dissertação "Avaliação de Experimentos Práticos para o Ensino de Ciências no Ensino Fundamental e Montagem de Caixa de Proposta de Atividades", do Mestrado em Processos Tecnológicos e Ambientais da Universidade de Sorocaba (Uniso), feita sob orientação da professora doutora Renata de Lima e aprovada no dia 17 de março de 2017.

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