Pastagens agrícolas podem funcionar como barreiras invisíveis para o deslocamento de aves entre habitats
Functional Spillover: pesquisador da Uniso analisa padrões de ocupação de ambientes por aves
Na próxima ocasião em que você se encontrar caminhando por uma fazenda, no Brasil ou em qualquer outro país, olhe ao seu redor com atenção; é bastante provável que, em algum momento do passado, já tenha havido uma floresta ali onde hoje há um pasto ou uma plantação. Ainda que as áreas rurais possam criar a impressão de plena comunhão com o meio ambiente — especialmente em comparação à vida nos grandes centros urbanos —, é certo que a expansão das áreas dedicadas à produção agrícola configura um sério problema ambiental, uma vez que, para estabelecer tais áreas, normalmente é necessário desmatar florestas nativas.
O estado de São Paulo, por exemplo, no Sudeste do Brasil, já foi um dia coberto pela Mata Atlântica, mas 500 anos de exploração de seus recursos naturais fizeram com que as áreas que ainda restam sejam bolsões fragmentados de vegetação. Esse é o caso, na verdade, de 80% de toda a Mata Atlântica remanescente, disposta em fragmentos de até 50 hectares, os quais não se encontram conectados entre si.
“A intensa fragmentação das áreas nativas faz com que algumas espécies, especialmente aquelas de hábitos estritamente florestais, fiquem isoladas. Ou seja, se essas espécies não têm a capacidade de atravessar as áreas de matriz agrícola, toda a população de um mesmo fragmento acaba isolada, incapaz de migrar para outros lugares. Ao longo do tempo, esses indivíduos acabam se reproduzindo entre si, processo genético conhecido como endogamia, o que aumenta o risco de problemas genéticos. Ao longo das gerações, isso pode inviabilizar a continuidade dessa população num dado ambiente”, explica o professor doutor Thiago Simon Marques, atual coordenador do curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade de Sorocaba (Uniso).
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Texto: Guilherme Profeta