Uniso oferece serviço gratuito de apoio a pequenos produtores rurais

O objetivo é priorizar não somente a qualidade do produto final, mas também a preservação do solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade

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A agricultura familiar é uma atividade bastante presente em algumas cidades da Região

A Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) é reconhecida principalmente por suas atividades industriais, contudo, entre os 27 municípios que a compõem, há alguns em particular (como Piedade e Ibiúna, por exemplo), em que a agricultura familiar é uma atividade bastante presente, não só representando percentuais consideráveis de suas atividades econômicas, mas também o principal meio de subsistência para milhares de famílias. Nem sempre, no entanto, esses pequenos produtores têm acesso às técnicas mais atualizadas para a solução de problemas diários em suas culturas — seja no que diz respeito à ampliação da produtividade dessas culturas ou a aspectos ambientais, que jamais devem ser negligenciados. Essas questões estão sendo constantemente discutidas nas universidades, mas a transferência do conhecimento, da academia ao pequeno produtor, requer esforços especiais para estabelecer e manter abertos os canais de comunicação.

O Uniso Crop Care Service, ou UCCS (em tradução livre, algo como Serviço de Apoio à Produção Agrícola da Uniso), é um desses esforços. O projeto foi idealizado em 2019 pelo professor doutor Lucas Mateus Rivero Rodrigues, como parte das atividades do curso de graduação em Engenharia Agronômica da Universidade de Sorocaba (Uniso), com o objetivo de auxiliar produtores rurais da região de Sorocaba a tomar decisões acertadas no que diz respeito a pragas, doenças e plantas daninhas em suas plantações. Além de Rodrigues, o projeto conta também com o professor doutor Heitor Zochio Fischer, entomologista, que leciona nos cursos de graduação em Ciências Biológicas e Engenharia Agronômica, e também 13 estudantes voluntários de vários cursos. A ideia, por meio de uma abordagem interdisciplinar, é priorizar não somente a qualidade do produto final mas também a preservação do solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade, de modo a promover formas mais sustentáveis de cultivo, fundamentadas em princípios ecológicos — e não apenas em ações pontuais, como o uso de produtos fitossanitários químicos.

Por meio do serviço, os interessados podem compartilhar suas necessidades com os especialistas da Universidade, bem como fotos e vídeos das plantas afetadas ou das pragas presentes. “A partir das informações fornecidas, a nossa equipe apresentará um diagnóstico presuntivo e sugestões voltadas ao manejo integrado da problemática. Em alguns casos, a equipe poderá requisitar amostras vegetais ou de insetos para um diagnóstico mais preciso”, explicam os professores.

Rodrigues e Fischer destacam que, além de ajudar os agricultores a diagnosticar corretamente e solucionar os seus problemas de uma forma sustentável, estando portanto alinhado à missão da Uniso como universidade comunitária, o projeto contribui também para as atividades de ensino da Universidade, uma vez que coloca os estudantes em contato direto com problemas reais com os quais eles certamente se depararão em suas rotinas profissionais. , eles defendem.

Os interessados em se utilizar do serviço podem acessar a plataforma por meio do link: https://linktr.ee/Uniso_Crop_Care_Service diretamente em qualquer navegador de internet. Há formulários específicos para pragas, doenças e plantas daninhas. O serviço é oferecido online e é 100% gratuito.

Mini-Jacks: um experimento do UCCS com o cultivo de minimorangas

As atividades do UCCS no segundo semestre de 2022 incluíram o cultivo experimental de mini-jacks, uma variedade de minimorangas de alto valor agregado, considerada em alta estima pela gastronomia por suas características estéticas e sensoriais. O cultivo foi realizado numa área de 525 m², próxima ao Núcleo de Estudos Ambientais da Uniso, que há muito não era utilizada para tais fins. Para voltar a ser produtivo, o local foi preparado pela equipe de estudantes, um procedimento que envolveu a irrigação e a adubação dos canteiros. 300 kg de mini-jacks foram produzidos até o fim do semestre, dos quais 100 kg foram destinados às análises experimentais e 200 kg foram distribuídos para consumo da comunidade acadêmica.

Segundo Fischer, a experiência teve como objetivo propiciar um ambiente de aprendizagem em que os estudantes — tanto os da Engenharia Agronômica quanto os das Ciências Biológicas — pudessem se habituar às pragas e doenças típicas dessa cultura, praticando o diagnóstico em campo de modo a orientar mais claramente os agricultores locais que cultivam esse tipo de hortaliça (ou até propondo mais uma opção de cultivo a esse público). “Os estudantes puderam comparar diferentes técnicas de cultivo das minimorangas, verificando o efeito de condicionadores de solo e fertilizantes no desenvolvimento dessas hortaliças. Além disso, os estudantes mais novos puderam praticar o diagnóstico de doenças e pragas, algo que só fariam em etapas posteriores do curso, assim compreendendo os motivos da ocorrência desses problemas na cultura (mais especificamente, três doenças principais e cinco tipos de praga), bem como os danos decorrentes e os métodos de controle. Já os estudantes mais avançados tiveram a oportunidade de liderar equipes e se envolver em práticas profissionais como o preparo do solo. Todos estiveram envolvidos na análise dos resultados, valendo-se de testes estatísticos para chegar às respectivas conclusões”, explica o professor, destacando o potencial que projetos experimentais como esse têm para apresentação em congressos. Para 2023, a ideia é que a experiência continue com outras culturas, como as cenouras arco-íris, o tomate amarelo, a fisális e o quiabo roxo. Além disso, a área de cultivo deverá ser expandida, de modo a tornar viáveis outros estudos concomitantes.

Continue a leitura

Você pode ler mais sobre o Uniso Crop Care Service e práticas sustentáveis na agricultura na reportagem “Meliponicultura no câmpus: por que é importante compartilhar a universidade com as abelhas?”, publicada na edição de número 10 (dez./2022) da revista do projeto Uniso Ciência Acesse o link.