Cruzeiro fluvial vira opção na pandemia

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Empresas informam que adotam todos os protocolos de segurança para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Crédito da foto: Divulgação

Empresas informam que adotam todos os protocolos de segurança para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Crédito da foto: Divulgação

Quando o calor começa a pegar por aqui, navios aportam vindos da Europa para os cruzeiros pelo Brasil e pela América do Sul. Não em 2020. Como tudo neste atípico ano, os roteiros a bordo de transatlânticos seguem indefinidos. Inicialmente marcada para 15 de novembro com sete embarcações, a temporada brasileira se mantém um imbróglio. Após adiamentos, ainda aguarda aprovação do governo federal e tem início previsto agora para 16 de janeiro, com dois navios. No entanto, há opções confirmadas para quem pretende navegar. Embarcações menores podem ser alugadas no litoral -- só para sua turma -- ou percorrem roteiros tradicionais no interior.

Neste verão, Amazônia e Pantanal oferecem a possibilidade de cruzeiros que anunciam riscos menores. Com as saídas regulares suspensas desde março, a Cap Amazon retoma as operações em janeiro de 2021, de Alter do Chão, no Pará. “Com a pandemia, tivemos imediatamente a preocupação de proteger as comunidades, a tripulação e, claro, nossos clientes”, afirma Jean-Philippe Pérol, administrador da empresa, à frente do Amazon Dolphin (para 24 passageiros) e do Belle Amazon (para 18), que navegam pelo rio Tapajós.

Os viajantes recebem um kit na chegada; entre outros itens, contém máscara, álcool em gel e peróxido de hidrogênio, para a higienização de celulares e telas. Uma cabine por saída é reservada para isolamento em caso de emergências sanitárias.

“Sem dúvida, os nossos barcos são mais seguros e mais fáceis de adaptar às novas regras sanitárias. Dentre os fatores mais favoráveis, possuímos ar-condicionado individual nas cabines, e não central, além de amplas janelas para ventilação, e temos baixa densidade de pessoas no barco”, afirma o administrador da Cap Amazon, com previsão de roteiros ao longo de 2021 inteiro em Alter do Chão, com duração de quatro a seis dias.

No Pantanal, o Kayamã navega pelo rio Paraguai de novembro a fevereiro. A viagem de sete dias começa em Bonito ou Corumbá, ambas em Mato Grosso do Sul. Vendido pela Transmundi, o roteiro inclui flutuação em nascente e visita a cachoeiras da Serra da Bodoquena. O barco funciona com 80% da capacidade total, para até 50 pessoas. “Torna a viagem mais intimista, e a programação é sempre feita ao ar livre. Pode se considerar mais seguro”, diz Marco Andrade, do Marketing da operadora.

Risco indefinido

Para Jessé Reis Alves, infectologista do ambulatório de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas, é difícil quantificar o tamanho do risco levando em consideração só o porte da embarcação, já que os grupos são de procedências diferentes. A exceção é a locação por pessoas que convivem entre si. “Quando esse grupo aluga um barco, é como se estivesse dentro de casa, só que confinado em uma embarcação. Mas as pessoas devem ficar atentas ao interagir com outras”, diz.

No aluguel de embarcações, há contato a bordo apenas com o marinheiro -- caso nenhum viajante tenha habilitação para barcos, chamada de arrais. Fundada na Espanha em 2013, a startup Nautal chegou ao Brasil no ano passado e conta com cerca de 430 embarcações, a maior parte no litoral de São Paulo e do Rio.

“O cliente pode buscar por opções de meio período, um dia sem pernoite e até uma semana”, diz Kimberly Abad, no cargo de marketing manager Brazil da empresa. Segundo ela, o Brasil tem praias deslumbrantes e leva turistas nacionais e internacionais a buscar a experiência de navegar. “Queremos que, como em outros países, o aluguel de barcos seja reconhecido como uma atividade de lazer acessível.” (Da Redação, com Estadão Conteúdo)