Fernando Calmon
GWM: produção começa com SUV híbrido flex
Nos dois anos anteriores o País era o quarto maior mercado do mundo, 3,8 milhões de unidades entre veículos leves e pesados
Fernando Calmon
www.fernandocalmon.com.br
O interesse dos chineses em ter fábrica no Brasil vem desde 2014. Nos dois anos anteriores o País era o quarto maior mercado do mundo, 3,8 milhões de unidades entre veículos leves e pesados. A Chery investiu US$ 400 milhões (R$ 2,1 bilhões na cotação atual) em Jacareí (SP). No entanto, as vendas no País caíram para 2 milhões em 2016 e tanto o Celer quanto o QQ não atraíram o consumidor. O Grupo CAOA adquiriu 50% da operação em 2017 e impulsionou a marca.
Agora a GWM (Great Wall Motor Company), empresa de capital privado e ações em bolsa na China, chega com mais empenho financeiro (R$ 4,4 bilhões até 2025, mais R$ 6 bilhões até 2032) e muito apetite. Adquiriu a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) e pretende ampliar a capacidade instalada de 20.000 para 100.000 unidades/ano. Espera gerar até 2.000 empregos diretos e 8.000 indiretos.
No último trimestre deste ano vai importar o primeiro modelo e a produção aqui começa no segundo semestre de 2023. A empresa manterá foco em SUVs das marcas Haval, com pegada urbana, e Tank, mais voltada ao mundo 4x4, além das picapes Poer. Os modelos escolhidos começarão a ser conhecidos no Salão do Automóvel de Pequim, em abril. No total entre importados e de produção local (com índice de nacionalização de até 60%) serão 10 modelos das três marcas. Também vai oferecer produtos 100% elétricos da marca Ora.
A GWM desenvolveu enfoque diferenciado em relação aos modelos híbridos plugáveis atualmente no mercado mundial. Para isso adotou bateria de até 45 kWh que, em geral, é usada apenas em veículos elétricos. Assim, enquanto híbridos plugáveis têm bateria pequena e alcance entre 50 e 90 km, a solução dos chineses é bem interessante, pois permite rodar até 200 km em trânsito urbano. E ainda pode-se viajar por estradas, aproveitando o silêncio e as ótimas acelerações dos elétricos, sem necessidade de planejamento prévio para recarga.
Para se tornarem mais competitivos no Brasil houve planejamento minucioso. Aproveitaram os programas de incentivos fiscais com desconto de até 25% do ICMS no Estado de São Paulo. Há ainda o federal Rota 2030 que diminuiu três pontos percentuais do IPI, desde 1º de janeiro último, exclusivamente para híbridos flex (hoje, só Corolla e Corolla Cross se enquadrariam, caso não ocorra alguma reviravolta). Dessa forma enquanto os SUVs importados serão híbridos a gasolina, posso adiantar que os de produção local já terão motorização híbrida flex.
A fabricante ainda não revelou as especificações dos produtos que estarão disponíveis aqui entre híbridos convencionais e híbridos plugáveis. Na China os motores de 1,5 litro turbo, em conjunto com dois e até três motores elétricos, entregam potências combinadas entre 230 e 430 cv e torques combinados de 41 a 77 kgf.m. Os plugáveis, dependendo da capacidade da bateria, conseguem consumo com gasolina entre 75 km/l e 208 km/l, embora os preços sugeridos sigam diretamente estes valores. As baterias de íon de lítio desenvolvidas pela própria GWM são livres de cobalto e menos sensíveis a variações de temperatura ambiente.
Com amplos recursos de conectividade (incluindo a nova internet 5G), de condução semiautônoma e até de reconhecimento facial (numa segunda fase) os preços serão altos, mas bastante competitivos frente ao que oferecerão em termos de alta tecnologia e equipamentos de série.
A rede de concessionárias da GWM começará com 30 pontos no País, porém aumentará gradativamente até 130 conforme a demanda.
ALTA RODA
FÁBRICA da BMW em Araquari (SC) completou 30.000 unidades do Série 3 desde sua inauguração em 2014. O sedã médio-grande, em três versões produzidas aqui (320i GP, 320i Sport GP e 320i M Sport, todas com motor flex), divide a linha de montagem com os SUVs e crossovers X1, X3 e X4. Haverá mais um produto a ser anunciado em junho.
Roberto Carvalho, diretor comercial, afasta o pessimismo para este ano: “Teríamos crescido mais que os 17% em 2021, se não faltassem componentes mundialmente. Este ano espero incremento de 10% a 12% do mercado premium no qual estamos e lideramos com 33% de participação. Híbridos plug-in e elétricos vão continuar a crescer no segmento premium brasileiro. Até 2030 acredito que possam chegar a 50% das vendas”.
PULSE vem crescendo e já aparece entre os dez modelos mais vendidos em janeiro último entre hatches, sedãs, SUVs e crossovers. Seu ângulo de traseira é o mais bonito. Por dentro, espaço um pouco maior do que o Argo, especialmente no banco traseiro.
Os porta-malas dos dois modelos aparentam volumes equivalentes, mas a Fiat mudou o método de medição e informa maior volume no Pulse. Sua tela multimídia tem boa resolução, permite espelhamento sem fio e conexão 4G (paga).
Na versão Audace avaliada, o volante não pode ser regulado em distância. Maior destaque é a combinação muito boa entre motor turbo 1-litro (130 cv (E)/125 cv (G)) e a caixa CVT. As sete marchas estão sempre presentes, mesmo no modo automático.