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Brasil tem alta no consumo de soníferos e calmantes

18 de Fevereiro de 2020 às 10:41

O brasileiro tem dificuldade para dormir. Segundo estimativa da Associação Brasileira do Sono, em 2017, cerca de 73 milhões de brasileiros não conseguiam dormir. E para dormir com facilidade, as pessoas precisam tomar remédios como calmantes e soníferos.

De acordo com dados obtidos pelo portal de notícias R7, em 2018, os brasileiros consumiram cerca de 56,6 milhões de caixas de medicamentos voltados para a ansiedade e para induzir o sono. Estamos falando de remédios conhecidos, como o diazepam e o midazolam, por exemplo.

Isso indica que problemas como a ansiedade e a insônia crescem no Brasil. A maioria dos remédios para indução do sono é de medicamentos controlados, mais conhecidos como “tarjas pretas”.

Esses remédios só podem ser comprados com receita médica, o que evidencia um grande problema: o brasileiro não consegue mais dormir.

A crise econômica afetou o sono do brasileiro

O psiquiatra Rodrigo Martins Leite, que foi coordenador municipal de Saúde Mental da cidade de São Paulo em 2017, ressaltou que pode se relacionar o aumento das vendas desse tipo de remédios de 2015 para cá, por conta da crise econômica pela qual passou o Brasil.

Segundo o médico, problemas graves como o aumento do desemprego podem ter causado problemas como a insônia, devido à instabilidade emocional da situação. Assim, em vez de cuidar da saúde mental, os brasileiros recorreram aos remédios como uma resposta rápida para a falta de sono.

A rotina do sono dos brasileiros

Em uma pesquisa da Royal Philips, mais de 11 mil pessoas de 12 países falaram sobre a qualidade do sono. Cerca de 69% dos brasileiros entrevistados afirmaram que dormir bem é importante para sua saúde e bem-estar. Porém, 36% desses mesmos entrevistados afirmaram que têm insônia recorrentemente.

Na pesquisa, 35% dos brasileiros ressaltaram que o seu sono piorou nos últimos cinco anos devido ao uso descontrolado de aparelhos como TVs e smartphones para assistir filmes, séries ou verificar notificações de redes sociais a qualquer hora.

Para tentar recuperar o sono perdido da semana, 52% dos brasileiros entrevistados afirmaram que dormem mais e melhor nos finais de semana. A maioria deles ainda afirmou que tem um horário diferente para descansar nos sábados e domingos.

Rivotril no topo da lista de vendas

Nos dados obtidos pelo R7 junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o clonazepam, conhecido popularmente como Rivotril é o psicotrópico mais vendido da década. Entre 2010 e 2018, cerca de 233,3 milhões de caixas do remédio foram comercializadas no país.

Em 2018, cerca de 19,8 milhões de caixas de Rivotril foram vendidas. Para Rodrigo Martins Leite, o uso do remédio acaba prejudicando a saúde mental, por gerar vício e por ser uma saída rápida contra o estresse. Segundo o médico, muitas pessoas que não possuem nenhum transtorno mental tomam o remédio com frequência.

O segundo mais vendido da lista é o alprazolam, popularmente conhecido como Frontal. Cerca de 11,7 milhões de caixas desse ansiolítico foram comercializadas no Brasil em 2018.

Queda nas vendas do Flunitrazepam, o famoso “Boa Noite Cinderela”

O flunitrazepam é uma espécie de sonífero de curta duração responsável pela indução do sono por algumas horas. Cerca de 704,9 mil caixas do remédio foram vendidas em 2018, uma queda em relação aos anos anteriores.

Muitos médicos no Brasil e no mundo deixaram de receitar essa substância por conta de sua péssima fama social. Isso acontece porque esse remédio é usado na aplicação do “Boa Noite Cinderela”, golpe popular aplicado por criminosos no país.

A população e os médicos criaram uma aversão a esse remédio, que quase não é mais prescrito no Brasil. Isso também indica que o seu uso é quase sempre criminoso.

Esse tipo de golpe é geralmente aplicado em pessoas por meio da ingestão de bebidas alcoólicas e sucos. Os criminosos aproveitam um momento de distração da vítima para colocar a substância em sua bebida, induzindo-a ao sono e, com isso, praticando atos ilícitos, como abusos sexuais e roubos.