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A importância do sono

27 de Março de 2019 às 00:59

O sono é de fundamental importância para o organismo, pois é o responsável pela manutenção dos estados físico e mental. O desgaste da vida moderna acarreta sobrecarga para o organismo através do acúmulo de eletrólitos, produtos do metabolismo, como os radicais livres, alterações hormonais, etc. Por isso se diz que o sono é reparador, ou então, como fala o poeta: “Dormir, dormir, talvez sonhar.” O número de horas de sono necessárias para restaurar o organismo varia de pessoa a pessoa, porém,os bebês necessitam de 17 horas, os adolescentes 10 horas e os adultos 8 horas, na média. Já o sonho é uma função do cérebro, de interpretação controvertida e recheada de crendices e distorções.

Existem três grupos distintos de distúrbios do sono: as apneias (55%), insônias (30%) e excesso de sono. As apneias são paradas da respiração (200 a 600/noite), geralmente seguidas por breves despertares (400 a 500), que alteram profundamente a estrutura do sono. A respiração fica suspensa por 10 a 50 segundos durante as paradas. A apneia atinge geralmente homens acima de 40 anos, obesos e mulheres após a menopausa. Os portadores deste distúrbio sofrem de impotência sexual em 20% a 40% dos casos, além de riscos de acidentes de trabalho e trânsito, em virtude de cansaço e sonolência diurna. Também ocorre em crianças com palato rebaixado, obstrução na laringe ou formação de dobras, que dificultam a passagem do ar.

O ronco é o principal sintoma da apneia do sono (30%), surgindo, ainda, sono não reparador, dores de cabeça pela manhã, dificuldade de concentração, irritabilidade, depressão e esquecimento. Porém, nada é pior do que a sonolência diurna ou cansaço excessivo. A insônia do adulto é provocada por depressão, ansiedade, abuso de álcool e drogas, maus hábitos alimentares e comportamentais (TV no quarto, ingestão de café antes de deitar, refeição pesada, luminosidade excessiva, temperatura aumentada, etc). No ambiente escuro do quarto o organismo produz um hormônio chamado melotonina, que é responsável pela vitalidade do corpo no dia seguinte.

O excesso de sono durante o dia também apresenta várias causas, como o uso de medicamentos, vida sedentária, doenças psiquiátricas e neurológicas, etc. E até uma doença infecciosa na África, causada por um tripanossomo e transmitida por uma mosca (tsé-tsé) -- a doença do sono. Os distúrbios do sono acompanham a espécie humana desde o início da civilização, mas nada se compara aos fatores da vida moderna, como estresse, televisão, divertimentos, concorrência, etc.

Também é importante o horário de trabalho por turno, que altera o ritmo circadiano do organismo (dia/noite/dia) e as viagens longas (fuso horário). O estudo e a correção do sono são realizados em centros especializados, onde são executados exames específicos durante o dia (teste de latência múltipla) ou à noite (polissonografia computadorizada). Neste caso o paciente dorme na sala de exame, sendo o sono monitorado para detectar paradas da respiração, alterações do coração, movimentos das pernas, grau de oxigenação do sangue e outras informações.

Com o diagnóstico esclarecido adotam-se condutas de como dormir bem. O tratamento da apneia é realizado com aparelhos bucal e nasal ou com cirurgia corretiva dos defeitos anatômicos do palato e faringe. Se o indivíduo for obeso, a redução do peso é fundamental. O uso de drogas que provoca o sono pode e deve ser receitado, porém, por curtos períodos e sem despertar dependência. Muitas pessoas não são tratadas porque desconhecem o problema ou, o mais comum, não consideram importante. Todavia, a apneia intensa interrompe a respiração por tempo superior ao desejável, podendo levar à morte se não for diagnosticada e tratada corretamente.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.