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A gente não precisa ter tudo aquilo que tem vontade

22 de Maio de 2019 às 06:30

A gente não precisa ter tudo aquilo que tem vontade Bruna Moltocaro, Ana Luiza Dalava, Yasmin de Melo, Maria Clara Dalava, Clara Rodrigues, Rosa Negreiros, Clara Negreiros e Isabela Mascarenhas já estão craques nas lições sobre consumo consciente. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Todo mundo gosta de comprar coisas legais, não é mesmo? Roupas, calçados, brinquedos, material escolar... Existe uma infinidade de itens para vender nas lojas e se a gente tiver dinheiro, que beleza, basta pagar e ficar com o produto, certo? Não, não. Antes de ir pedindo para o papai e a mamãe comprarem algo, é preciso parar um pouco para pensar. Será que você precisa ter tudo aquilo que tem vontade? De que adianta ficar com mais uma borracha em casa, mais um apontador, trocar de mochila todo ano e largar tudo, às vezes novo, num canto do armário? Aparentemente, o único problema seria que, com o passar dos anos, não teria mais espaço para guardar tanta coisa, mas tem algo mais importante do que isso. O consumo excessivo é o que chamamos de consumismo, atitude que prejudica o meio ambiente, ou seja, a natureza e os animais.

Os produtos usam recursos naturais para serem feitos e quando a gente compra, compra e compra cada vez mais coisas, estamos colaborando para esgotar esses recursos naturais. Estudos apontam que os seres humanos já estão consumindo mais do que a capacidade do planeta de se regenerar, alterando o equilíbrio da Terra!

Outro problema é que os produtos ficam velhos, estragam, e aí vem a hora de jogar no lixo. Nesse momento, ao invés de serem separados para a reciclagem, para serem usados de novo, muitos materiais acabam indo parar no rio, causando poluição e fazendo mal para a saúde dos animais e nossa também. Viu como é preciso pensar bem antes de comprar algo?

“Primeiro você tem de ver se o que pretende comprar é o que realmente precisa ou é apenas um desejo seu. Material escolar, por exemplo, não tem necessidade de trocar todo ano, não é preciso ter uma mochila nova a cada ano por exemplo”, aconselha Maria Clara Dalava, 9 anos. “Tem gente que já está com três tênis e só porque tem um que está na moda, acaba querendo mais esse, mas não está precisando”, acrescenta Bruna Moltocaro, 12 anos.

Consumir é bom, mas de forma consciente

Comprar parecia ser tão fácil, bastava apenas ter dinheiro, mas acabamos de perceber que não é uma atitude simples. Aliás, tem mais dicas aqui pra você. Depois que parou para refletir se precisa mesmo de um determinado produto e decidiu comprar, vem outra etapa. É preciso conhecer os Direitos do Consumidor para não ser enganado. Isso mesmo. Tem muito fabricante por aí vendendo coisas fora da validade, anunciando que o produto tem determinada composição e não tem, entre outros itens, então fique atento!

A gente não precisa ter tudo aquilo que tem vontade Conhecer os direitos do consumidor é uma importante lição para as crianças aprenderem. Crédito da foto: Erick Pinheiro

“Quando o fabricante coloca letras muito pequenas nos produtos é porque ali pode ter algo que ele não quer que a gente veja, alguma coisa ruim, mas ele só está interessado em vender e vender”, alerta Rosa Negreiros, 8 anos.

Já Ana Luiza Dalava, 11 anos, afirma que ao comprar um brinquedo, é preciso verificar o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), pois ele comprova que o produto foi feito de acordo com as normas de segurança. “Até os brinquedos mais simples têm de ter esse selo.” Outra observação é feita pela Bruna: “Tem de verificar a indicação de idade do brinquedo também, porque pode ter peças pequenas perigosas para crianças menores.”

Outro direito do consumidor é exigir o cupom fiscal. “Com ele você poderá comprovar se passaram algo a mais ou com preço diferente do anunciado”, diz Clara Rodrigues Novaes, 9 anos. “Tendo o cupom fiscal, a gente pode trocar o produto se tiver comprado com validade vencida”, complementa.

Lições ensinam a poupar e a comprar

É importante cada um ter consciência do que está comprando e saber que isso vai ter uma consequência, seja na sua saúde, no meio ambiente ou na sua questão financeira. É o que afirma Edvânea de Castro Soares, 46 anos, formada em Economia Doméstica, com foco na Educação do Consumidor. Edvânea é que ensinou as meninas que concederam entrevista para esta reportagem. Ela está desenvolvendo com elas o projeto Atitude Legal, que tem trabalhado educação para o consumo com um grupo de oito meninas. Durante os encontros, elas aprendem sobre consumo consciente e educação financeira.

Isabela Mascarenhas, 11 anos, lembra que um dos assuntos comentados é que antes de ir até o supermercado, é bom fazer uma lista dos produtos que devem ser comprados. “Para não acontecer de acabar comprando mais coisas.”

A gente não precisa ter tudo aquilo que tem vontade Uma das dicas é: tendo dinheiro na mão, poupe a metade. Crédito da foto: Pixabay

Durante os encontros são realizadas muitas atividades práticas. Em uma delas, as meninas simularam um mini mercado para verificar na prática se tinham aprendido. Fizeram a lista, mas mesmo assim muitas acabaram levando mais do que precisavam. Por quê? A professora Edvânea foi esperta e colocou em alguns produtos a palavra “oferta”. Isso chamou a atenção e as participantes nem verificaram se os outros preços poderiam estar mais em conta. “Também tinha produto que no rótulo dizia que tinha determinado ingrediente, mas depois que iam ler com calma, verificaram que não era bem assim.”

A Edvânea também ensinou o que se deve fazer quando os pais ou familiares dão algum dinheiro. “Devemos usar da seguinte maneira: 50% devemos guardar para investir nos nossos sonhos e 50% a gente pode gastar”, acrescenta Isabela. Sim, é bom ter um sonho para ser realizado. De repente aquele brinquedo especial, que custa caro e você nem tem coragem de pedir para seus pais... basta juntar dinheiro, que dá para comprar!

As meninas também aprenderam sobre as diferenças de valor em dinheiro e valor emocional, por meio de uma feira de troca de brinquedos. Edvânea conta que teve criança que trocou vários por um só e teve também negociação. Reaproveitar um brinquedo também é bacana. Além de economizar dinheiro e ajudar o meio ambiente, você não precisa se desfazer de algo que gosta muito. Foi o que aconteceu com a Rosa. “Eu tenho uma boneca que adoro e meu cachorro estragou. Chorei quando vi”, conta. A boneca teve seu pé recuperado e Rosa não precisou se separar dela. Não precisou comprar outra, afinal mesmo que a nova fosse igual, não seria a mesma.

Agora que você já sabe tudo isso, que tal começar a fazer como essas meninas a partir de agora? Boa semana e até o próximo domingo! (Daniela Jacinto)

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