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Pandemia ‘congela’ a educação de milhões

13 de Novembro de 2020 às 00:01

Pandemia ‘congela’ a educação de milhões Hiato na educação impactará na vida profissional dos mais pobres. Crédito da foto: pixabay.com

O fechamento de escolas na América Latina e no Caribe em decorrência da pandemia de Covid-19 ameaça a formação de milhões de crianças, principalmente as mais pobres, por isso a reabertura de escolas é prioritária, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Unicef.

O estudo indica que a pandemia “privou 97 por cento dos alunos da região de continuar a sua educação normal” devido ao fechamento de escolas para evitar a propagação do vírus.

Esta perda de aulas “tem sérias implicações” para o futuro das crianças e cada dia que passa com as escolas fechadas “uma catástrofe geracional, que terá consequências profundas para a sociedade como um todo, toma forma”, alerta o relatório.

Na semana passada, um informe da Unesco destacou a esse respeito que a América Latina, a região mais desigual do mundo, poderia enfrentar um “desastre geracional” devido ao impacto do coronavírus na educação.

“A Covid-19 congelou os progressos na educação da maioria dos meninos e meninas na América Latina e no Caribe”, disse à AFP Laurent Duvillier, chefe regional de comunicação do Unicef.

De acordo com a agência das Nações Unidas, apenas Uruguai, Costa Rica, Suriname e Haiti têm escolas totalmente abertas, enquanto na Colômbia, Brasil, Argentina, Chile e Cuba a abertura é parcial.

O fechamento prolongado de escolas, que em alguns países ultrapassa os sete meses, impede o retorno às salas de aula de 137 milhões de crianças da região, embora mais de um terço tenha acesso à educação a distância.

Círculo vicioso

O documento, intitulado “Educação em Pausa”, destaca que a pandemia exacerbou as desigualdades na América Latina e no Caribe, onde milhões de crianças, principalmente de famílias pobres, podem estar recebendo nenhum tipo de educação, o que condicionaria seu futuro profissional e pessoal.

“O fechamento de escolas não afeta a todos da mesma forma. Quem vive em ambientes mais pobres tem mais dificuldade de aprender em casa, onde não há necessariamente uma conexão de internet, computador ou mesa”, argumentou Duvillier.

“Devido à pandemia, essas crianças correm cada vez mais o risco de ficarem fora da escola e presas em um círculo vicioso de pobreza no futuro”, acrescentou.

O relatório detalha que, embora três quartos dos alunos de escolas privadas possam ter acesso à educação a distância, apenas metade dos que frequentam escolas públicas podem.

Além disso, 21% das crianças e adolescentes das famílias mais pobres não recebem qualquer educação, em comparação com 14% das crianças das famílias mais ricas.

Crianças com deficiências cognitivas e físicas, os refugiados e migrantes, bem como meninas enfrentam “um maior risco de exclusão” em seu processo de aprendizagem, de acordo com o Unicef. (Juan José Rodríguez - AFP)