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Opinião: ambiente digital, ensino humano

19 de Setembro de 2018 às 16:00

Com tantos desafios a superar na educação básica brasileira, falar em transformação digital no ensino pode parecer fora da realidade, mas esse ceticismo é um grande desfavor às crianças e jovens do nosso País. Muito mais que artifício lúdico, se implementado de forma correta, o uso da tecnologia em sala de aula é um grande aliado na geração de oportunidades e no aumento da qualidade de ensino. Para as novas gerações, o futuro é agora. Não há distinção entre o analógico e o digital, pois as duas realidades se mesclam em suas vidas. A tecnologia, sobretudo a internet, já faz parte do seu cotidiano, às vezes desde a primeira infância e antes da alfabetização, moldando as suas formas de aprendizagem e interação com o mundo.

Segundo o último relatório TIC Kids Online, divulgado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 82% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos usam a internet. Outra pesquisa, feita este ano pela Motorola, mostrou que a geração Z (jovens entre 16 e 20 anos) passa mais de seis horas por dia no smartphone para fins pessoais, trabalho ou estudo mais do que eles disseram passar estudando ou trabalhando “off-line” (4,5 horas). Será que todo ou parte desse tempo é aproveitado no aprendizado de algo útil?

Fica claro que o recurso digital em sala de aula é fundamental para engajar esse aluno conectado e desenvolver plenamente o seu potencial. Mais que isso, o ensino do pensamento computacional como chamamos nas escolas da Saber é essencial para ensinar as crianças e jovens a usar a tecnologia e a internet de forma responsável e segura. Além de inglês e outros idiomas, aprendem a falar a linguagem da tecnologia e a desenvolver o pensamento orientado para inovação, aprendendo, ao mesmo tempo, competências socioemocionais fundamentais, como o trabalho em equipe, a resiliência, a comunicação, entre tantas outras. Não só para o futuro no mercado de trabalho, mas para se desenvolverem como cidadãos do mundo, abertos a diferentes culturas e formas de pensamento.

No ensino privado, essa transformação na rotina pedagógica já está mais perto da realidade. Nas escolas da Saber, como o colégio Leonardo da Vinci, em Vitória (ES), e no Colégio Pitágoras, em Belo Horizonte, os alunos têm a chance de participar de espaços makers, em que ideias ou projetos, individuais ou em grupo, vão se tornando realidade por meio das impressoras 3D.

Temos planos também de fazer uso cada vez mais intenso da Realidade Aumentada, para que os alunos possam inserir objetos digitais no seu cotidiano analógico. Se vamos falar de células, por que não apontar o celular para o livro e na tela aparecer uma célula interativa em 3D com todas as suas organelas? A Saber pode e quer se tornar a companhia de educação mais digital do mundo. Esse é o nosso sonho. Também faz parte desse sonho levar essas possibilidades ao ensino público.

No Brasil, a educação pública básica envolve desafios enormes. O aumento de recursos digitais no ensino público permitiria melhorar os níveis de igualdade de oportunidades, especialmente considerando as dimensões do País. Essa visão já dá os primeiros passos para se tornar realidade. Neste ano, o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) já tem edital para conteúdos digitais. Assim, o aluno da rede pública poderá ter mais domínio desse ambiente.

Vale destacar que a tecnologia não vem para substituir o livro, muito menos o professor. Pelo contrário, complementa e potencializa tudo que acontece na escola.

Enfim, se quisermos que nossos alunos sejam diversos, inquietos, flexíveis, questionadores e capazes de trabalhar em equipe, capacitados para viver em um mundo em constante transformação, a tecnologia pode auxiliar a escola a ter um olhar especial para cada comunidade e cada aluno.

Deve fazer parte central do nosso compromisso como educadores acreditar e conduzir a transformação digital do ensino. Só assim levaremos uma formação de excelência e mais humana a crianças e jovens de todo o Brasil.

Mario Ghio é diretor executivo da Saber

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