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Inclusão efetivada auxilia no ensino e no bem-estar dos alunos

18 de Setembro de 2018 às 12:02

Salas de recursos têm objetivo complementar. Foto: Emídio Marques

“Inclusão significa, em primeiro lugar, aceitar a sua própria limitação. Se cada um pensar em si, vai perceber uma deficiência”, diz a professora Michelly Nikoleski Oliveira, que dá aulas na sala de recursos da Escola Municipal Oswaldo de Oliveira, no Éden. Michelly tem habilitação para trabalhar com deficientes auditivos, e ainda pós-graduação em psicopedagogia e em educação especial.

Uma das atitudes mais louváveis que ela observa é o esforço dos pais em verem seus filhos bem. Tanto é que a participação na sala de recursos não é obrigatória e mesmo assim as famílias levam as crianças.

“Os pais procuram, porque conseguem ver avanços”, afirma.

Silvana Lucarelli: todos os alunos são capazes de muitas coisas e incapazes de outras. Foto: Fábio Rogério

Michelly atende no contraturno escolar e seus alunos não são apenas da escola Oswaldo de Oliveira, mas de outras unidades do bairro. “Este ano estamos com 14 estudantes”, diz. Ao todo, a rede municipal conta com 844 alunos com deficiências.

O trabalho de Michelly é atuar em conjunto com as professoras, a família e também as entidades que atendem as crianças, para que todos possam “falar a mesma língua”, afirma.

Na sexta-feira, conta, é o dia que chama de “itinerância”, pois vai até as outras escolas e instituições falar sobre cada aluno. “Fazemos reunião no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) e no Centro de Referência em Educação também. O trabalho tem de ser o mesmo, para não confundir a criança.”

Na sala de recursos o objetivo é complementar e suplementar o que falta na sala de aula, desenvolver habilidades para alcançar a alfabetização.

A sala, diz Michelly, também é frequentada por crianças com altas habilidades. Como já sabem o que está sendo passado na aula, muitas vezes fica desestimulante, então na sala de recursos elas podem desenvolver outras atividades.

A vice-diretora Silvana Lucarelli lembra que todos são capazes de muitas coisas e incapazes de tantas outras, por isso a educação humanizada é uma prática da escola.

Criança recebe incentivo para participar das atividades e aprende dentro das suas limitações. Foto: Emídio Marques

Educação humanizada mostra resultados

Um dos alunos de Michelly é um menino autista, que tem hoje 7 anos. Ele é acompanhado por uma cuidadora, que o ajuda com alimentação e banheiro, e uma aluna educadora, que o acompanha nas tarefas escolares.

A criança já frequentava a sala de recursos desde que estava na pré-escola, situada ali perto. “É seu terceiro ano na sala de recursos”, diz a professora, que tem observado a evolução dele ao longo desse período.

Esse aluno, diz Michelly, ainda não está alfabetizado. “Já reconhece números, letras, formas geométricas. Estamos trabalhando no desenvolvimento da coordenação motora fina e ampla”, relata Michelly.

E conseguirá ser alfabetizado? “Sim. Será alfabetizado. Falo isso porque estou tirando por base outras crianças autistas já alfabetizadas”, garante.

Ainda conforme a professora, o estudante tem a questão comportamental bem comprometida, não consegue interagir com os demais, e por isso foram feitas adaptações para que a escola fique mais agradável para ele. Michelly comenta que quando vê muitas crianças juntas, principalmente fazendo barulho demais, como na hora do lanche ou da saída, fica agitado. “Então ele sai um pouco antes e tem dado certo.”

A criança recebe incentivo para participar das atividades, mas ainda não consegue. “Estamos caminhando para isso. É um menino carinhoso, abraça... Outro dia trouxe uma flor para a cuidadora. Está começando a entender a rotina da escola.”

De acordo com a educadora, a inclusão é fundamental para o desenvolvimento do menino. “Se ele viver numa redoma, com tudo ajustado para ele, não terá como evoluir”, diz.

Conforme Michelly, a escola é o primeiro convívio social fora do contato com a família, então nesse ambiente, além dos conteúdos curriculares, a criança aprende a dividir, a repartir, a esperar sua vez em uma brincadeira. É preciso conviver com outras crianças, é com a diversidade que se aprende, tanto no caso dele como dos outros.”

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