Escolas reveem regras para afastar alunos após casos de Covid

Por Cruzeiro do Sul

A ideia , agora, é só isolar os alunos se houver surto.

 

Em uma tentativa de não inviabilizar a volta às aulas neste terceiro ano de pandemia, escolas públicas e particulares de São Paulo têm flexibilizado os protocolos no combate à Covid-19. Na última quarta-feira (2), primeiro dia de aulas da rede estadual, o secretário de Educação Rossieli Soares disse que a orientação é “não fechar mais turmas por um ou dois casos e observar se é caso de surto”. Colégios privados de elite também mudaram as diretrizes para ter menos interrupções.

O Colégio Santa Cruz, na zona oeste da Capital, por exemplo, mandou comunicado aos pais informando que um grupo ficará isolado só “a partir do segundo caso positivo na mesma sala, em um período de sete dias”. A mudança foi decidida pela direção depois de avaliação do comitê de saúde que tem os especialistas Caio Rosenthal e Mário Scheffer. Seguindo as novas recomendações do Ministério da Saúde, o comunicado diz ainda que “o retorno pode ser antecipado para o sexto dia mediante testagem negativa a partir do quinto dia, desde que a pessoa não apresente sintomas”.

“O que sabemos é que contaminação das crianças se dá em casa e em atividades sociais e não na escola, se todos os cuidados forem usados: higiene, máscara, ventilação”, diz o coordenador da saúde escolar do Hospital Sírio Libanês, Ricardo Fonseca. Na consultoria que o hospital faz para escolas, há a recomendação também de não afastar uma turma após o primeiro caso de Covid. “A gente acompanha, monitora, para não fechar sem motivo e prejudicar o ensino.” Segundo Rossieli, as turmas só serão isoladas se houver surto. “Vai ser analisado caso a caso, vamos avaliar quais são os contactantes”, disse. “O maior risco para a criança é ficar fora da escola.”

O Colégio Vera Cruz, também na zona oeste, tem a mesma postura. “No ano passado, em todos os casos de Covid, não houve transmissão interna. Ainda mais considerando o contexto diferente da pandemia, com alunos vacinados e ausência de restrições de circulação”, diz a diretora Regina Scarpa. No Colégio Itatiaia, a turma vai para a casa quando há mais de dois casos. “Se apenas uma ou duas crianças testarem positivo, elas são afastadas e poderão fazer as atividades na plataforma, mas não vai haver a aula em tempo real”, afirma a diretora Adriana Iassuda Nogueira.

Sem online

Organismos internacionais têm alertado para os prejuízos das crianças fora da escola ou com ensino remoto durante a pandemia. Pesquisa divulgada recentemente pela Unesco em 11 países mostrou que mais de 50% dos professores consideraram que os estudantes não avançaram para os níveis esperados nesse período. Há ainda alertas para perdas emocionais e sociais.

No Colégio Bandeirantes, quando aparece um segundo caso de Covid numa sala, há uma avaliação com a equipe do Sírio, que assessora o colégio para decidir o que fazer. No primeiro, a sala permanece. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Artur Fonseca Filho, a tendência agora é que as escolas não migrem para o online quando há um infectado. “Nesse começo de ano, as crianças estão ainda conhecendo o professor, uma interrupção pode ser um desastre.” (Estadão Conteúdo)