Contos que florescem na praça: leitura ao ar livre, imaginação sem limites

Iniciativa leva livros, histórias e brincadeiras para espaços abertos e convida as crianças a viver a literatura

Por Thaís Verderamis

Livros, histórias e brincadeiras em espaços abertos

Uma praça comum. Chegando mais perto, as árvores tinham livros pendurados, como frutos. No chão, pedaços de tecido de chita espalhados, cheios de exemplares infantis, eram um convite, quase como um piquenique de histórias. Brinquedos educativos de madeira, a grama e a natureza também estavam presentes. A “Casinha Viageira” estacionada bem em frente. Uma casa sob rodas que carrega um mundo literário e deixa cultura e arte por onde passa.

Aos poucos, Alessandra Prandi e Ricardo Gonçalves vão compondo o espaço. De repente, crianças acompanhadas dos pais começam a chegar. O gramado se enche de cor e alegria, e os pequenos logo se envolvem com os livros, os brinquedos e a companhia dos novos colegas. Depois de um tempo, a dupla conta a história Por que o céu é tão longe?, do livro Contos da Natureza, de Dawn Casey, com objetos simples e de forma lúdica e encantadora, prendendo a atenção dos pequenos. Mais do que uma história, a contação ensina valores que ajudam a formar bons seres humanos.

Nas férias, muitos pais aproveitam para oferecer experiências culturais aos filhos. A professora de educação infantil Débora Gonçalves Muzzel, 41 anos, mãe de Ester, de 10, conta que sempre busca programas ao ar livre e com conteúdo cultural para fazer com a filha: “Nós gostamos de parques, teatro, cinema, música. E, se for ao ar livre, melhor ainda”, diz.

Ela soube do evento pelas redes sociais e levou a filha para participar. “A literatura traz muito conhecimento, estimula a criatividade e deve ser apresentada desde cedo”, destaca. A pequena Ester já cultiva o hábito: “Você vê coisas novas nos livros, aprende a ler melhor e aprende coisas diferentes”, conta.

Jaiza Mariano Silva, 32, cabeleireira e mãe das gêmeas Luana e Giovana, de 1 ano e 8 meses, acredita que a cultura deve estar presente desde os primeiros anos. “Sempre levo as meninas no Sesc, e agora estou começando a introduzir os livros. Elas gostaram bastante”, relata.

O pequeno Benjamin Taveira, de 5 anos, filho da professora Ana Claudia Taveira, 34, participou da contação, brincou e adorou a experiência. Sua prima, Amanda, de 8, também gostou: “Gosto de livros engraçados, são divertidos”.

Ana Claudia, que é mãe, professora e madrinha, busca sempre atividades acessíveis e ricas para ampliar o repertório das crianças. “Procuro eventos gratuitos e culturais. Isso é essencial para o desenvolvimento desde a primeira infância”, afirma.

Acessibilidade, cultura e arte

Esse é o foco da “Casinha Viageira Arte e Cultura Andarilha nas Férias”: tornar a literatura, o brincar, a arte e a cultura acessíveis a todos os públicos. Como explica a contadora de histórias Alessandra Prandi: “A casinha surge da necessidade de ir a lugares onde não há acesso. Quando decidimos ter um motorhome, a ideia foi democratizar a cultura”.

Segundo Alessandra, “temos títulos para todas as idades, até para bebês, porque a literatura é um abridor de olhares. Mesmo que a gente nunca viva certas experiências, os livros nos permitem imaginar e compreender o mundo de outras formas”.

A iniciativa faz parte do edital da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Governo Federal. Alessandra e Ricardo integram a Cia. Doispralá Doispracá, de contação de histórias e brincadeiras.