Tradições que atravessam gerações

Jovens mantêm vivas as raízes culturais da família por meio da dança, da música e da história

Por Beatriz Falcão

Flamenco une mãe e filha na tradição herdada da família espanhola

Você já se perguntou de onde vêm nossos costumes? Muitas tradições começaram há muito tempo, com nossos tataravós e seus antepassados, vindos de outras regiões e até de outros países. Hoje, com pequenos gestos, mantemos essa herança viva: seja em danças, esportes ou receitas de família.

A força da cultura japonesa

Esse é o caso de Nicole Mari Shiozaki, de 12 anos. Estudante da Escola Municipal Getúlio Vargas, ela também participa das aulas da União Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira (Ucens), onde aprende danças típicas e karaokê, mantendo acesa a chama da cultura japonesa deixada por seus ancestrais.

“Tudo começou quando minha mãe foi contratada para trabalhar na Ucens. Na época, eu ainda estava na barriga dela. Então, cresci no meio dos eventos da associação, foi praticamente impossível não participar também”, conta Nicole. “Além disso, eu gosto muito. As aulas de dança e de cultura são as minhas preferidas. Na aula de cultura, aprendo sobre a história do Japão, gastronomia e escrita com pincel.”

Para Elisângela de Cássia Hirata, mãe da jovem e funcionária da Ucens, é gratificante ver a filha envolvida com a tradição. “É muito bom ver ela participando desde nova, criando responsabilidades e crescendo como uma pessoa comprometida e feliz. Isso impacta no comportamento, no modo de ser, pensar e agir.”

Flamenco e raízes espanholas

No caso de Mariana Pereira Pinto, de 11 anos, o interesse pela tradição espanhola surgiu aos 5, ao ver a mãe, Poliana Machado Pereira Pinto, praticando flamenco, dança típica da Espanha que mistura música, ritmo e expressão.

“A família da minha avó trouxe esse e outros costumes da pequena Huércal-Overa, na província de Almería. Eles sempre fizeram parte do nosso dia a dia, com encontros familiares cheios de música, dança e comidas típicas”, conta Poliana.

O flamenco estreitou laços com os antepassados e uniu mãe e filha em apresentações como a Feira de Sevilha, realizada em abril, tanto na Espanha quanto em Sorocaba. “A união familiar é muito valorizada na cultura espanhola. Ver minha filha seguindo esse caminho é emocionante”, diz a mãe.

Mariana concorda: “É muito interessante aprender sobre a Espanha. O flamenco é o meu preferido. É gostoso de dançar, e os figurinos e movimentos chamam minha atenção.”

Ela pratica no Clube de Campo de Sorocaba e, há seis meses, começou um curso on-line de espanhol para aprofundar seus conhecimentos sobre a cultura da família.

Tradição gaúcha com afeto e dança

A cultura gaúcha também tem espaço em Sorocaba. No Jardim Leocádia, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Fronteira Aberta reúne famílias que mantêm vivas as tradições do Sul do Brasil. É lá que a aposentada Maria Luiza Pereira, de 69 anos, encontrou uma parceira especial: sua neta Ayla Vitória Andrade dos Santos, de 8 anos.

“A Ayla, desde muito nova, gostava desses eventos. Ela implorava para vir comigo e aprender as danças”, lembra Maria Luiza. “É muito bom, porque além de ganhar uma companheira, consigo transmitir valores como respeito e dedicação.”

Ayla participou da 1ª Mostra Cultural 2025/2026 no CTG, dançando Xote Carreirinha com um vestido feito pela avó. “Gosto muito da cultura gaúcha. A dança é minha parte favorita, porque as músicas falam de coisas boas, como a família.”

Cultura como memória e continuidade

Em cada história, a cultura cria laços entre memória, afeto e identidade. Pais, avós e filhos mantêm vivas as tradições dos antepassados e, ao mesmo tempo, ensinam e aprendem com as novas gerações, um ciclo de pertencimento que atravessa o tempo com alegria, respeito e orgulho.