Aquecimento global ameaça o pinguim-rei no Oceano Índico
Como todos os anos em dezembro, a Baía dos Marinheiros, na ilha francesa da Possessão, está cheia: milhares de pinguins-rei se deslocam ao território isolado no Oceano Índico para a reprodução. Entretanto, as mudanças climáticas ameaçam a espécie. Reconhecida por suas penas brancas e pretas e um tufo amarelo, a espécie sobreviveu por pouco ao massacre cometido entre o final do século 19 e a primeira metade do século 20 por caçadores de focas no Arquipélago Crozet, que passaram a usar as aves como combustível, queimando-as para derreter a gordura das focas.
Depois de estar à beira da extinção, a população se restabeleceu no século 20, mas se estagnou há 20 anos. O problema, agora, é o aquecimento global. O pinguim-rei passa a vida no mar e só volta à terra para botar seus ovos. Para isso, precisa de um local seco, mas a uma distância razoável da frente polar: área onde as águas quentes e frias do Oceano Índico se encontram. Lá eles se alimentarão de plâncton e peixes.
A frente polar está localizada 350 quilômetros ao sul do Arquipélago Crozet no inverno. No entanto, em anos muito quentes pode ir até 750 quilômetros de distância, longe demais para o animal se alimentar e voltar a tempo de acasalar e alimentar o filhote. Com o aquecimento global, a frente se desloca para o sul e, eventualmente, Crozet pode se tornar inabitável para esses pinguins, que precisarão se mudar para outras ilhas mais ao sul. Embora os pesquisadores não acreditem que a espécie corra risco de desaparecer nos próximos 50 anos, seu modo de vida pode ser seriamente alterado. (Da Redação, com AFP)