Figurinhas da Copa: um jeito divertido de torcer pelo hexa do Brasil

Hábito que atravessa gerações também ajuda a aprender sobre geografia, história e, é claro, muito futebol

Por Thaís Marcolino

Lucca e Miguel trocaram figurinhas entre si

Faltando duas semanas para o início da Copa do Mundo Catar 2022, a procura por um item de gerações tem sido grande. Estamos falando das figurinhas que integram o álbum da competição de futebol mais esperada: a que, de quatro em quatro anos, movimenta o mundo inteiro em torno do título de melhor seleção.

A magia de abrir o pacotinho na expectativa de vir nele a figurinha que falta para completar o álbum é uma experiência passada de geração em geração, desde a Copa de 1950, quando o Brasil teve seu primeiro álbum e as figurinhas vinham nas “Balas Futebol”. O primeiro álbum oficial surgiu em 1970, com a Copa no México. E tão famoso quanto a busca pela figurinha “carimbada” é o hábito de trocar as figurinhas repetidas.

O Miguel Castillo tem nove anos e gosta tanto desse universo que já está no seu segundo álbum. O primeiro foi completado em setembro e logo ele ganhou do pai um novo -- da edição especial, de cor dourada -- para continuar com a tradição. “É muito legal e vale a pena fazer tudo isso porque é de quatro em quatro anos a Copa, então dá saudade, né?”, justificou o estudante.

Por ser um evento que mexe com muitas pessoas, a Copa do Mundo é capaz até de ajudar as crianças nas atividades e no aprendizado escolar. Quem comprova isso é o estudante Lucca de Paula, de 12 anos. “Seja ao trocar ou colar as figurinhas eu acabo apredendo sobre o país, os jogadores deles, as bandeiras e até me ajuda nas provas da escola. Os países que mais gostei de conhecer foram o Senegal e o Catar”, comentou o garoto, que mora em Mairinque.

Miguel e Lucca trocaram as figurinhas entre si no shopping Iguatemi Esplanada no final do mês passado. Além dos shoppings, outras opções de locais para crianças e adultos trocarem os cromos -- outro termo usado para figurinhas -- repetidos são as praças e áreas públicas de lazer. Não é raro ver, principalmente aos fins de semana, crianças e adolescentes com seus álbuns debaixo do braço procurando alguém com “aquela” figurinha que falta. Então aproveite bastante esses dias que antecedem o início da competição.

Aliás, esse movimento tão comum há décadas pode ajudar na criação de amizades e na troca de experiências sobre esse e tantos outros assuntos. O Jorge Luis Amaral Junior, de 11 anos, começou a montar o álbum pela influência dos amigos e, sempre que pode, troca idéias com eles para saber qual figurinha está disponível. “Já estou quase terminando a do Equador. Eu amo esporte, reforça”.

O Kaike Andry já completou as seleções do Irã e dos Estados Unidos da América. “Minha mãe comprou o álbum em agosto e, mesmo com essas duas seleções terminadas, ainda faltam 90 cromos”, diz. Kaike leva sempre uma lista que mais parece um gabarito de prova, com várias marcações, para não ter que levar o álbum consigo e saber quais figurinhas precisa. “Uma vez compramos 200 cromos e aí recebi essa tabela pra ajudar na hora da troca e controlar o que já foi usado”, complementa o estudante de 10 anos.

Assim como os shoppings de Sorocaba têm um posto de troca, algumas prefeituras da nossa região tem a mesma iniciativa. Kaike e Jorge são de Votorantim e nós os encontramos no CEU das Artes da cidade trocando as figurinhas na biblioteca. E assim como eles, muitas outras crianças de toda região estão curtindo esse momento único e que fica na memória não só de quem joga pela seleção, mas também de torcedores que vibram a cada lance, jogada e, principalmente, o gol.

Bora torcer pelo hexa do Brasil? A Copa do Mundo começa dia 20, com a cerimônia de abertura, e a nossa seleção joga no dia 24, contra a Sérvia, às 16h.

Ainda dá tempo de começar

O álbum da Copa do Mundo 2022 é editado pela Panini e está a venda em vários pontos da cidade. As suas 80 páginas são dedicadas às 32 seleções classificadas para a competição deste ano, além de uma seção que homenageia os grandes campeões mundiais. Mas o que tem gerado burburinho nas redes sociais são os cromos extras (bronze, prata e ouro) de 20 jogadores “especiais”. O preço deles, inclusive, chega a valer bem mais entre os colecionadores. Atualmente, o do Neymar é considerado o mais caro do álbum, podendo custar até R$ 9 mil.

O jeito é contar com a sorte da raridade aparecer dentro do pacotinho adquirido. Além de Neymar, jogadores de todo o mundo também aparecem como raros. São eles: Giovanni Reyna, dos Estados Unidos; Luis Suárez, do Uruguai; Gavi, da Espanha; Lionel Messi, da Argentina; Dusan Vlahovic, da Sérvia; Cristiano Ronaldo, de Portugal; e Guillermo Ochoa, do México.

Quanto custa?

O álbum com capa dura sai por R$ 44,90, enquanto o de papel cartão custa R$ 12. O pacote com cinco figurinhas custa R$ 4. De acordo com a fabricante, a coleção com as 32 seleções do mundial no Catar tem 670 figurinhas, sendo 50 especiais e 80 raras. O kit com 80 pacotes de figurinhas disponível no site está sendo vendido por R$ 320, o que equivale a R$ 4 por pacote. Dessa forma, para completar as 670 figurinhas, serão necessários ao menos R$ 536 para comprar os 134 pacotinhos necessários a essa quantidade de cromos -- considerando que não haja nenhum repetido, o que é muito improvável. Tá vendo porque é tão importante o hábito da troca das figurinhas? (Thaís Marcolino)