Cruzeirinho
Alunos de Sorocaba criam engenhocas para ajudar o meio ambiente
Ao todo, nove projetos foram desenvolvidos por estudantes do 1º ao 7º anos do ensino fundamental
![Nicholas e Murilo fizeram uma lixeira para recicláveis](https://www.jornalcruzeiro.com.br/_midias/jpg/2022/11/09/cruzeirinho_1-1027656.jpg)
Você já imaginou fazer um passeio no parque e, de repente, ver um carrinho de controle remoto recolhendo as bitucas de cigarro do chão? E que tal sentar em um banco na praça e acessar através de um QR Code lindas poesias? Esses são apenas alguns dos projetos que os alunos da Nova Escola, da Vila Jardini, em Sorocaba, criaram para ajudar a população e também o meio ambiente.
Ao todo, nove engenhocas foram pensadas e desenvolvidas pelos estudantes do 1º ao 7º ano do ensino fundamental, que têm entre 6 e 12 anos de idade. As ideias surgiram depois que a escola começou a trabalhar a abordagem Steam - método educacional focado na construção de projetos reunindo diversas áreas do conhecimento para solucionar problemas colocando a “mão na massa”. Para isso, os estudantes fizeram pesquisas de campo sobre as necessidades do Parque Dom Quixote, localizado em frente a escola. A partir das respostas dos moradores da região, os pequenos inventores criaram protótipos, ou seja, modelos iniciais de projetos que no futuro podem ser aperfeiçoados. Os modelos foram expostos no parque no dia 29 de outubro e chamou atenção de quem passou pelo local.
Uma das invenções é um carrinho de controle remoto que recolhe bitucas de cigarro do chão, mas tem um importante detalhe, o pequeno veículo é movido a energia solar. Manuela Maria de Souza, de 7 anos, foi uma das mentes que desenvolveu a ideia. A estudante conta que ela e os colegas perceberam a presença de muitas bitucas no chão do parque, por isso, viu a necessidade de criar o carrinho. “Esse é um projeto para avisar as pessoas o quanto o cigarro faz mal. O carinho pega a bituca e a gente leva até o ’Deposite sua Bituca’, que eu também fiz. Não queremos esse mundo mais poluído com cigarro”, disse Manuela.
Para ajudar a desenvolver o carrinho, os alunos fizeram uma parceria e receberam o auxílio de um engenheiro de controle e automação do Instituto Federal - Campus de Sorocaba. Ao Cruzeirinho, Felipe Ramos explicou que a ideia foi toda dos estudantes e a partir da orientação deles, ajudou a desenvolver o objeto. “Já era um carrinho comercial e criamos uma adaptação em cima, colocando o máximo de atributo possível que eles idealizaram, com pazinha e plaquinha solar”, declarou.
Apesar do parque já ter lixeiras, os alunos viram também a necessidade de melhorar ainda mais a limpeza do local e criaram um cesto de coleta seletiva. Feito de materiais recicláveis, o recipiente tem plaquinhas indicando onde o visitante deve jogar o lixo. Depois disso, a pessoa escuta uma mensagem de agradecimento e conscientização pela boa ação praticada através de um sensor presente na lixeira. “O projeto é muito importante para ajudar na reciclagem e melhorar o espaço da praça, assim, não vai ficar com lixo no chão”, ressaltou os estudantes Nicholas Cavalcante Begliomini e Murilo Pellegrini, de 10 anos.
Para deixar o parque ainda mais agradável foram feitos também dois espaços de convivência: um com brinquedos para pets e outro para as pessoas descansarem, com bancos e uma mesa confeccionados de materiais recicláveis, como garrafas e engradados de plástico. O diferencial desse projeto é um QR Code que após ser acessado através de um celular, o visitante tem acesso a poesias e informações sobre biodiversidade.
Além das criações para o solo, as crianças pensaram ainda em todos os outros ambientes do parque e desenvolveram um repelente natural a base de citronela que dispara no ar e evita a presença de mosquitos, inclusive, o da dengue. Em contrapartida, foi feita uma casinha com tratadores para alimentar os pássaros e atrair novas espécies para o local. Já para colorir os muros do parque os alunos desenvolveram tintas de musgo, uma pequena planta que não possui caule ou raízes e não agride o meio ambiente.
Os pequenos também não deixaram o lago de fora e fizeram duas invenções para aumentar a qualidade da água. Realizando vários testes, os alunos descobriram que existem plantas capazes de “filtrar a água” e a escolhida foi a Marrequinha. Porém, apesar de ajudar por um lado, ela se multiplica rapidamente e, por esse motivo, também é considerada daninha. Assim, os estudantes criaram uma boia para colocar a planta em cima e, assim, fazer a limpeza da água sem prejudicar os peixes e o lago.
Outra iniciativa para evitar a poluição da água foi a criação de uma Ecobarreira feita de 150 garrafas pets e sacos de laranjas. A ideia é inserir o objeto dentro do lago e evitar que os lixos, muitas vezes despejados em regiões hídricas, poluam o local. “Fizemos uma pesquisa com o pessoal que estava andando no parque e as pessoas disseram que se incomodavam com o cheiro forte, principalmente em dias quentes. Então, esse projeto é muito importante para o meio ambiente”, ressaltaram os estudantes Livia Hepfner, José Marinsek Anastácio Schitini e Lívia Vieira.
Projeto Play Dog é finalista em prêmio nacional
Há 30 anos, a Fundação ArcelorMittal realiza uma iniciativa nacional que premia projetos desenvolvidos por alunos e educadores com foco na sustentabilidade. Neste ano, puderam participar propostas voltadas para o trabalho Steam. Assim que ficou sabendo da iniciativa, a coordenadora da escola, Paula Pontes, não perdeu tempo e inscreveu todos os projetos no concurso. Para a alegria dos alunos e professores, entre os 1.500 participantes, o “Play Dog”, desenvolvido pelos estudantes da Nova Escola, foi selecionado e está entre os 150 finalistas de todo o Brasil.
A ideia do espaço para os pets surgiu depois que os alunos do 2º ano perceberam que muitas pessoas passeavam no parque com animais de estimação, porém, no local, não há brinquedos para os cachorros. As crianças fizeram então um rascunho com desenhos dos projetos e desenvolveram dois tipos de circuito usando garrafas pets, cabos de vassouras e até uma instalação robótica. “Fizemos um brinquedo que quando o cachorro passa e bate na garrafa, ela vira e cai ração. Também fizemos um zigue-zague com um áudio que diz: ‘mandou bem, você é um ótimo dono’, explicaram Davi Delgado Silva e Maria Fernanda Abreu Cação, de 7 anos.
Para Paula Pontes as ações realizadas pelos alunos foram muito importantes para desenvolver, de forma prática, a consciência ambiental de cada aluno. “Estamos falando de um parque que é do lado da escola, que é palpável, é diferente de quando falamos da poluição do ocaeano, que é importante falar, mas não fica tão palpável. O projeto Steam é trazer esse olhar da ciência para todo mundo conseguir criar e encontrar soluções”, finaliza Pontes.
A cerimônia de premiação dos projetos vencedores será no dia 22 de novembro. (Vanessa Ferranti)
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